Atendimento em traumatologia detona outra bomba no setor de saúde do município

Em um momento em que inicia o debate sobre um hospital 100% SUS, a Santa Casa não dispõe de traumatologista para atendimento de rotina sob alegação de atraso no pagamento realizado pela prefeitura municipal

Vereadores com administração da Santa Casa e secretários foram, ontem, ver qual o problema

Parece recorrente. A cada período estoura um novo problema na área da saúde. Prejudicado: o munícipe. Ontem, foi a vez dos traumatologistas. Uma senhora levou o neto para procedimento cedo da manhã e foi informada por uma enfermeira, na Santa Casa: “O único médico não vai atender, está em greve porque não recebeu”.

Foi surpresa geral, inclusive para a municipalidade, que, na véspera, havia conversado com o comando da Santa Casa de Misericórdia – a empregadora que oferece o serviço e paga com dinheiro público – entendendo que não haveria problema que o atendimento continuasse ocorrendo até dia 10, quando será liberada a segunda parcela da verba destinada ao hospital.

A secretária de Saúde, Érika Zanini de Andrade, ficou sabendo pelo contato telefônico do programa Jornal da Manhã, da RCC FM, que, ao contrário do que imaginava, o atendimento havia sido suspenso ontem mesmo.

O problema, porém, mostrou-se mais grave do que o suposto. Dos três traumatologistas sob contrato com a Santa Casa, há apenas um disponível para prover atendimento: foi o médico que paralisou. Os outros dois também não atendem, um deles em função de problema de saúde e o outro por motivos diversos.

A bomba estourou quando as pessoas que tinham consultas marcadas começaram a retornar, desde as primeiras horas da manhã. Cidadãos enfaixados, sem atendimento, circulavam, indignados, na frente da Santa Casa. Enquanto os telefonemas eram dados, o assunto eclodiu na Câmara de Vereadores, gerando indignação e a suspensão da sessão legislativa. Todos os vereadores foram até o hospital, onde estavam o secretário de Fazenda, Paulo Lago; a secretária de Saúde, Érika Zanini de Andrade e seu adjunto, Sérgio Calvete Couto.

Questão dos recursos: Paulo Lago disse que até 10 de abril, segunda parte seria depositada

O próprio vice-prefeito Edu Olivera sintetizou a indignação da municipalidade, informando que já havia sido disponibilizado metade do recurso para pagamento do hospital – o qual, por sua vez, é quem faz o repasse dos valores correspondentes aos médicos que contrata. Pouco após as 11h30, os 17 vereadores já estavam na sala dos médicos da Santa Casa, reunidos com os diretores, o geral Adolfo Ferreira e o administrativo, Claudio Marmontel, o Cacho. A direção do hospital iria falar com o médico traumatologista ontem pela manhã, mas não houve tempo hábil: o não recebimento gerou a negativa de atendimento e a bomba explodiu antes, na cidade.

“Dinheiro não deve ser problema. Vamos buscar recursos” – disse, mais tarde, o vice-prefeito Edu Olivera, afirmando que a municipalidade está buscando médicos. “Se os daqui não desejarem atender, é compreensível; vamos contratar de fora, até mesmo de outros países. Precisamos é colocar as soluções, para que a comunidade tenha o atendimento de que precisa” – disse Olivera.

O titular da Fazenda, Paulo Lago, confirmou que havia um acordo para que o atendimento continuasse até o pagamento do valor total devido pela prefeitura. O repasse à Santa Casa, ao total, chega aos R$ 196 mil. Metade já foi paga e a outra será dia 10. Lago confirmou que há um mês de atraso – e isso foi acordado devendo permanecer até junho – nos repasses, ou seja, o valor é pertinente a fevereiro e não março. Quanto ao atendimento, a Santa Casa deverá tornar pública uma manifestação a esse respeito nas próximas horas, segundo a expectativa.

 

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.