Carta aberta ao diretor-presidente da Azul Linhas Aéreas

Caro Diretor-Presidente, David Neeleman, ao cumprimentar-lhe cordialmente, desde já quero que saibas que tomo a liberdade de escrever-lhe essas linhas movido por um sonho, sonho, sim, qual seja, de que a minha cidade e região seja efetivamente desenvolvida e, por óbvio, a regra é de que toda região que busca um desenvolvimento sustentável e perene não pode prescindir de uma linha aérea regular que encurte distância e tempo, tornando os grandes centros urbanos verdadeiramente próximos do interior do país.
O meu saudoso pai, no final da década de 60, 70 e 80, contribuiu para o crescimento e desenvolvimento de nossa região e, do Grupo Gerdau, na condição representante comercial (por mais de 25 anos), desbravando centenas de milhares de quilômetros em estradas quase intransitáveis, mas esses tempos de pioneirismo faz parte de nossa história. Hoje, em pleno terceiro milênio, estarmos distantes de Porto Alegre e Montevideo a sete horas de uma cansativa viagem de ônibus, é, sim, fator determinante de isolamento e, de estagnação econômica. Quando me refiro ao pioneirismo do meu pai e, de tantos outros, foi para ilustrar que no milênio passado, o meu sonho, naquele então, era uma realidade, por aqui decolavam e pousavam os aviões Avros da saudosa VARIG, posteriormente, já fazendo o uso do aeroporto da vizinha cidade de Rivera, tivemos a RIO-SUL, a NTH e, por último a BQB, todas cumpriram um papel relevante em um determinado momento de nossa fronteira.
Mas é chegado a hora de vislumbrarmos um futuro que contemple um desenvolvimento duradouro, estável e, com certeza a sua empresa – Azul – que tem como marca o empreendedorismo, o protagonismo do arrojo empresarial, sem abrir mão do profissionalismo, pode ser uma parceira fundamental e determinante nesse novo cenário.
O senhor pode estar questionando, mas vocês nem aeroporto tem e, querem os meus aviões??? É verdade, caro Presidente David Neeleman, mas, também é verdade que por força de lei ( aprovada pelo Congresso Nacional e, sancionada pelo então Presidente Lula ) somos a “Cidade Símbolo da Integração do Mercosul “ e, dentro desse espírito, por quê não utilizarmos o aeroporto de Rivera, até conquistarmos definitivamente o nosso? Cabe dizer que no referido aeroporto já operou Boeings e jatos executivos, como foi durante o evento da “Copa América”, em 1995. Claro, sabemos que existem os entraves diplomáticos, questões aduaneiras e alfandegárias, mas cá pra nós, em que pese até hoje não ter sido equacionado essas questões, sabemos que quando há vontade política e interesses convergentes, tudo anda de forma mais objetiva e célere! Basta vermos, que semana passada, acertadamente, o Governador Tarso Genro reduziu a alíquota do ICMS para o querosene da aviação civil de 17% para 12%, tornando com isso ainda mais competitiva as empresas que por aqui quiserem operar.
Alguns podem dizer e o mercado para aviação na fronteira? Sant’Ana do Livramento e Rivera, juntas, somos mais de 170.000 habitantes, fronteira essa que atrai, em alguns finais de semana, mais de 20, 30 mil turistas, ou seja, o potencial desse mercado não é desprezível, cabe dizer que por aqui estão instaladas as maiores vinícolas do Brasil, Almadén/Miolo, Santa Colina, Cordilheira de Santana, Salton, Carrau, pra ficar apenas nas de Livramento e Rivera, pois se considerarmos Dom Pedrito, Rosário e outras cidades próximas teremos outras tantas. Não podemos deixar de registrar de que um dos maiores Parques Eólicos do Brasil está aqui no nosso pampa, investimento este que continuou a se expandir e, por conta disso traz profissionais de todo Brasil e também do exterior. Poderia continuar falando ainda mais, que depois de Gramado-Canela, somos o segundo maior destino de turistas do Estado, que a nossa jovem UNIPAMPA-Universidade Federal do Pampa, somente nosso “campi” já conta com 53 mestres e doutores, vindo das mais diversas regiões do país, que o fluxo crescente ( na última década ) de compras para os free-shops Uruguaios, demandará maiores investimentos e, por sua vez um maior fluxo no transporte de cargas e pessoas, quer em órgãos como a própria Receita Federal, Polícia Rodoviárias Federal, Polícia Federal, Min. da Agricultura e, um sem fim de outros órgãos e, ainda dentro desse cenário cabe destacar a iminência da regulamentação dos free-shops brasileiros.
Caro Presidente David Neeleman, teria muito mais a dizer, a fim de ilustrar e embasar as nossas potencialidades, somente a nova fronteira agrícola que por meio da soja começa a mudar o nosso pampa e, a nossa genética de ponta, tanto bovina, quanto ovina, demandaria várias laudas. Mas, nesse momento não me estenderei mais, apenas como cidadão fronteiriço, que escolheu voltar a viver aqui e, acredita em nossas potencialidades e em um porvir infinitamente melhor, é que lhe reafirmo esse sonho de ver voando por aqui o “Azul dos Pampas”. Tenho que reconhecer que os meus conterrâneos, muitas vezes, pecam pela omissão, por uma total ausência de proatividade, por uma timidez que permeia pelas nossas lideranças, quer políticas e/ou empresariais, mas, com o devido respeito, não me deixarei contaminar e, quero fazer a minha parte e, também por isso torno público esse meu sonho, que certamente realizar-se-á quando a Azul estiver voando pelo nosso Pampa gaúcho! Como santanense e fronteiriço lhes convido, Presidente David Neeleman, venha a voar com a Azul por aqui!
Um forte e fraterno abraço!

Carlos Eduardo Grisolia da Rosa-Calico
Advogado-Economista-Radialista

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