Trabalho e trabalhador

Tenho uma intuição quanto a este binômio: trabalho e trabalhador. Pois, TRABALHO é toda a ação do ser humano, quer seja manual, intelectual ou espiritual. TRABALHADOR é aquele que desempenha uma função, um trabalho, ou espera consegui-lo. Em geral, todos nós somos trabalhadores, assim colocados por Deus neste mundo, desde a criação do homem, como um dever sagrado, que dignifica a pessoa humana. Porém, nem todos sempre têm trabalhos, no sentido estrito, também classificados como operários, cujo termo deriva do latim “opus” (=obra). Ao contemplarmos o mundo, vemos contristados que, em numerosas regiões dos cinco continentes, muitíssimos irmãos e irmãs nossos não encontram trabalhos para seu próprio sustento e de suas famílias. Devido à várias circunstâncias, como incapacidade profissional, incúria dos maiores responsáveis pela direção e ordem da “res publica” (=coisa pública), também do Brasil, em nosso meio social, ocasionam frequentemente, pessoas em condições econômicas sobremaneira precárias, por vezes, levadas ao desespero contra a própria vida e de outrem, em situações mais diversificadas, inclusive, o aborto, a morte de inocentes, sob a pretensão de salvaguardar outras vidas, por falta de alimento, o que jamais possa ser justificado!
Às vésperas do 1º de maio, através da imprensa, ouvimos, no otimismo da “potência dez”, o pronunciamento da Presidente da República, enaltecendo a atual conjuntura à perspectiva de um futuro promissor. Como já é “lugar comum”, na expressão literária, os governos das nações, no dia do Trabalho, transmitem mensagens de esperança ao povo, embora contra toda “esperança”, porque nos moldes de um sistema político, onde o trabalho humano é visto sob a projeção do crescimento econômico, da ganância rotineira, onde se desconhecem os verdadeiros valores do trabalho como dom de Deus, para o bem comum, na plenitude da vida humana e que é explicitado em numerosos Documentos e Encíclicas pontifícias.
A austeridade da vida religiosa nos conventos e na ação pastoral de muitos dos seus promotores não é levada em consideração, mas, ainda, relegada, quando não criticada em vitupérios caluniosos!
Pe. Luis Palacin, não adepto da “Teologia da Libertação”, descreveu: “O 1º de maio foi durante muito tempo um símbolo da luta de classe: manifestações, bandeiras vermelhas, punhos fechados ao ar. Com efeito, o 1º de maio, como festa do trabalho, assumiu o caráter contestatório, sob a bandeira do socialismo internacional. Embora esta festa, mais tarde, fosse aceita universalmente e perdesse, por isso, muito de seu caráter ideológico, continuava uma festividade alheia, senão hostil ao espírito cristão.
Foi Pio XII, em 1955, que decidiu cristianizar esta festa, dando-lhe um santo protetor, São José Operário. É, agora, a festa da consagração cristã do trabalho”.
Disse o papa Pio XII, naquele memorável 1º de maio de 1955, a uma manifestação de duzentos mil operários, reunidos na Praça de São Pedro: “Neste dia 1º de maio, que o mundo do trabalho adjudicou-se como festa própria, nós, vigário de Cristo, queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho, a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição de direitos e deveres. Tomado neste sentido pelos operários cristãos, o 1º de maio, em vez de ser fomento de discórdias, de ódio e de violência, é e será um convite constante à sociedade moderna a completar e que ainda falta à paz social. Seja, portanto, o 1º de maio uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho!”
O Papa instituiu a festa de São José Operário como o Protetor e Modelo de todos os trabalhadores, a fim de que o contemplem assim o “homem justo” do Evangelho, dedicado ao trabalho humilde, rude e perseverante na honestidade, sinceridade e dignidade.

Pe. Hermes da Silva Ignácio

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