Redes Sociais

Vez por outra me perguntam porque não compartilho de redes sociais como fazem muitos colegas e amigos meus.Não perco meu tempo com explicações demoradas.Em resumo, é muito simples:gosto de preservar ao menos um pouco da minha privacidade.Não me interessa informar a ninguém que acabei de sair do banheiro ou que fiquei irritado com o tratamento recebido num balcão de padaria. Mas percebo que minha rápida explicação não convence.Algumas pessoas me olham como se eu recém tivesse desembarcado de um planeta distante e não pertencesse ao gênero humano. Pouco me importa porque de uns tempos para cá já não me sinto tão sozinho na rejeição de redes sociais.Aumenta a cada dia o número de criticas a forma como as redes sociais são utilizadas.Muitas pessoas dotadas de inteligência e talento me acompanham nas criticas que faço,em âmbito doméstico, às redes sociais. Pessoas como o renomado jurista e professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo,Miguel Reale Júnior,ex-ministro da Justiça e autor de 18 livros. Saibam o que ele pensa sobre o tema:” As redes sociais são capazes de destruir, não de construir.Elas se transformaram no espaço do elogio mútuo e ninguém vive mais as próprias coisas se não mostrar o que está fazendo. É um novo tipo de cartesianismo. Compartilho, logo existo. Tenho de dizer ao outro que estou num restaurante bebendo vinho. Tenho de fotografar e passar para meio mundo. Quantos vão ao restaurante para ficar ao telefone?Você sai com a namorada para ter companhia ao falar com um terceiro. Irretocável,professor. Precisaria dizer mais?
O exemplo dado por Reale Júnior é cômico e patético. Dois jovens ou pessoas com mais idade, unidos por laços amorosos,vão a um restaurante para falar aos celulares e não para conversarem,expressando sentimentos ou comentando planos e realizações. Em várias oportunidades já observei essa anomalia do comportamento humano. A impressão que sempre tenho é a pior possível.E não consigo me ver em situação parecida.Ou quero estar ao lado de outra pessoa, ou não quero.É simples. Se não quero ter companhia basta ir sozinho ao restaurante e me isolar num canto,entregue ás conversas ao celular com pessoas distantes.O namoro, principalmente,exige proximidade e atenção recíproca. Quando falta isso,a relação pode ter qualquer outro nome,menos namoro ou amor. Mãos que se afagam,olhares que se buscam em preliminares de intimidade são mais importantes do que todos os celulares da terra, do que todas as redes sociais da terra.Se pensarmos diferente,estaremos caminhando celeremente ao encontro da morte em meio a estupidez universal.

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