Futebol e Política

Em 1950,quando a seleção uruguaia protagonizou a maior façanha da sua história, derrotando o Brasil por 2 a 1, na final da Copa do Mundo,eu ainda não tinha o menor interesse por futebol.Era um guri de calças curtas que mal pronunciava as palavras corretamente e estava mais interessado nos meus brinquedos.Mas a Copa de 1954,disputada na Suíça, recebeu um mínimo de atenção de minha parte,até porque vi os esforços dos adultos para captar com nitidez a narração dos jogos em galenas precárias na prestação dos seus serviços.O Brasil não figurou entre os finalistas,como Hungria e Alemanha,que decidiram o título.Surpreendentemente, a Alemanha venceu a máquina de jogar futebol da Hungria,servida por craques como Puskas,Czibor,Hudegutti, Boszik e Kocsis.A Alemanha foi,em 1954,na Suíça,o Uruguai da Copa de 1950,no Brasil.As duas seleções derrotaram favoritos ao título com atuações que figuram nas melhores páginas da história da Copas.Nos meus primeiros 10 anos de vida não tive ,portanto,a alegria de chamar o Brasil de campeão numa Copa do Mundo. Mas chegou a Copa de 1958,na Suécia,e tudo mudou.O Brasil assombrou o mundo com um time que teve no menino Pelé,ainda sem coroa de Rei,sua grande revelação.E que na final,em Estocolmo,humilhou a Suécia com uma goleada de 5 a 2.Naquele dia,como afirmava Nelson Rodrigues,sepultamos em definitivo nosso complexo de vira-latas no futebol.E depois o futebol brasileiro não me causou maiores decepções em Copas, a exceção de 1966,na Inglaterra,quando nossa seleção fracassou melancolicamente.
Depois de ver a seleção ganhar outros títulos, tornando-se uma atração mundial, penso, como a maioria dos brasileiros, que não faremos feio na Copa do Mundo que começará em junho.Mas não aposto todas as fichas na seleção, escolhendo-a como grande favorita para erguer a taça de campeã mais uma vez.Existem outras seleções,como Alemanha,Espanha, Argentina e Itália,que podem surpreender com atuações superiores ao time brasileiro. Mas vou torcer pelo Brasil como sempre faço,separando a seleção dos interesses do governo da presidente Dilma Roussef. É uma burrice, uma irracionalidade alguém torcer pela derrota do Brasil porque não se identifica com as idéias de quem governa do país.Com qualquer resultado na Copa,a seleção não ajudará ou prejudicará os planos de reeleição de Dilma.Futebol e política não andam juntos,a não ser em regimes ditatoriais,quando o futebol vitorioso se transforma em apoio de quem está no poder.Então, só nos resta ver a Copa com otimismo,relativo ou exagerado,querendo que o país não seja derrotado no grande teste de organização do mundial, com todas as suas exigências e implicações.E depois,sim, iremos para as eleições de outubro,sem fazer nenhuma mistura entre gol e voto,entre urna e bola.

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