O Sacrifício de Allende

Assisti nesta semana documentário sobre a deposição pela força do presidente do Chile, Salvador Allende,em setembro de 1973,portanto há 40 anos.E relembrei como aquele episódio abominável me entristeceu,embora eu já tivesse,na época,motivos suficientes para me preocupar com os rumos da politica do meu país.As imagens utilizadas no documentário falam por si,embora tambem contenha informações e entrevistas importantes.Para quem não sabe,uma informação indispensável:após o bombardeio do Palácio de La Moneda e a morte do presidente, que resistiu bravamente no seu posto, recusando sugestão de militares mais próximos para renunciar e ir passar o resto dos seus dias no exílio, o Estádio Nacional,em Santiago,foi transformado numa vasta prisão.E como não tinha espaço para tantos presos, o novo regime organizou dois campos de concentração, nos moldes dos que existiram na Europa sob a orientação criminosa de Adolf Hitler.As pessoas que militavam em partidos de esquerda,apoiadores de Allende,foram barbaramente torturadas,sem a possiblidade de que um homem justo ouvisse seus gritos.Pinochet, que parecia,no governo, aliado de Allende,comprometido com a legalidade,se transformou num carniceiro, com o apoio dos Estados Unidos,que não queriam ver outro país na América Latina dominado por idéias defendidas por Fidel Castro em Cuba.Hoje, Allende e Pinochet são figuras históricas,em julgamento permanente.Nem preciso dizer que sempre respeitei e admirei à distancia a liderança do Allende,eleito pela vontade do povo e derrubado por tiros e bombardeios.Ele deixou uma lição de sacrifício e de compromisso com o povo trabalhador que o elegeu.Não arredou pé do Palácio de La Moneda,nem mesmo quando o edifício pegava fogo,sob cerrado bombardeio de aviões da Força Aérea chilena.
Mas o sacrificio de Salvador Allende não foi em vão.O povo chileno reconquistou sua liberdade depois de longo tempo de sombras,quando só valia a voz de comando dos militares e da alta burguesia que os apoiava.E a história do golpe, com versões de vencedores e vencidos, continua sendo contada para as novas gerações.Leio tudo o que aparece sobre o assunto e não excluo da minha apreciação crítica o papel desempenhado pela esquerda radical que,nos meses anteriores ao golpe, fazia exigencias absurdas para um presidente acuado pela direita,irritada e decepcionada com os rumos do regime.E dê-lhe gritar em coro pelas ruas de Santiago e outras grandes cidades chilenas a palavra de ordem de que povo unido jamais será vencido.A verdade é que não basta somente um governante querer executar grandes transformações.Precisa ter,além da disposição intima para fazê-las, uma correlação favorável de forças politicas.Do contrário,a queda no precipicio é uma questão de tempo,mesmo que grupos irresponsáveis,mas sobretudo imaturos em politica, entendam que transformações podem ocorrer de uma hora para outra,num passe de mágica.

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