Melado reclama de não ter podido questionar a direção da Santa Casa
Após pronunciamento do petebista, foi registrada troca de farpas entre dois vereadores
Lídio Mendes, o Melado: frustração por não poder questionar
No ambiente político, a audiência pública realizada na sexta-feira deixou como saldo mais uma polêmica na Câmara de Vereadores. Mais além da questão sobre Santa Casa e 100% SUS, o foco foi o desenvolvimento do evento e sua dinâmica. Tudo começou com a comunicação de liderança do vereador Lídio Mendes (PTB), na qual o parlamentar fez um desabafo na tribuna. A partir daí, a vereadora Carine Frassoni (PMDB) também usou da comunicação de liderança para se manifestar. O pronunciamento da legisladora provocou o pedido do petista Aquiles Pires. O assunto: os fatos ocorridos durante a audiência pública de sexta.
As manifestações desencadearam uma troca de farpas na tribuna e no plenário, presenciadas pelos representantes da CUT, que aguardavam o fim da sessão para receberem homenagem pelos 30 anos da Central.
As falas
O vereador Lídio Mendes, o Melado, fez um lamento durante sua manifestação, afirmando que passou um tempo significativo se preparando para fazer vários questionamentos à administração e provedoria da Santa Casa de Misericórdia, porém, saiu frustrado, pois não conseguiu, em função da limitação de 2 minutos para manifestação. “Estou sendo processado por defender o SUS, que o provedor da Santa Casa chamou de lixo; por defender os pobres. Esperava muito da audiência pública, mas perdemos, todos nós, uma grande oportunidade para questionar” – lamentou o parlamentar. Informou que pediu as degravações de todas as manifestações do administrador e do provedor do hospital, afirmando que estava preparadíssimo para perguntar, questionar sobre a demora dos exames, entre outros acontecimentos que ocorrem dentro do hospital, segundo ele, indevidos. “Queria entregar a eles um dossiê completo, com todas as denúncias, todas as situações que temos, que registramos. Me preparei muito e me senti uma marionete na audiência pública, me senti mal. Fui para casa mal, porque não pude questionar, nem fazer o que pretendia” – disse, em síntese, o vereador.
Melado também mencionou o fato de que o prefeito Glauber Lima ainda não tinha feito qualquer manifestação, favorável ou contrária. “O Prefeito, na sua fala, deixou claro que ainda não tem uma decisão sobre o assunto. É que nem a significativa maioria das pessoas, que não tem informação sobre o 100% SUS” – disse, afirmando que é favorável, porém, entende que foi perdida a oportunidade de proporcionar informações à maioria da comunidade.
Carine e Aquiles trocam farpas no plenário
Vereadora Carine Frassoni: indignação
Após a manifestação de Lídio Mendes, a vereadora Carine Frassoni (PMDB) pediu uma comunicação de liderança para manifestar-se também sobre a audiência pública realizada na sexta-feira. Disse que seu partido tem estado representado em todas as audiências do gênero convocadas e propostas pelo Legislativo, salientando que ela e seus dois colegas de partido marcaram presença. “Entendíamos que era um momento de debate, para que todas as pessoas pudessem dar suas contribuições. Não foi o que vimos aqui, pois a audiência pública foi pessimamente conduzida, transformando-se, na prática, em um monólogo” – disparou a legisladora.
Chumbo grosso nos argumentos utilizados, a parlamentar disse entender que os legisladores perderam a oportunidade de debater. “Nunca vi alguém ficar bravo porque o plenário tinha gente. Mas, infelizmente, só podia falar sobre o assunto quem era a favor do 100% SUS. Foi um evento político do começo ao fim. E mais, um deputado a quem foi dada a palavra, falou sobre tudo, menos saúde. Falou sobre a frente parlamentar em defesa das mulheres, MST, os colonos, o interior do município; todos assuntos válidos. Mas, nada, absolutamente nada, sobre o tema” – bradou a peemedebista, afirmando que lamentava a perda daquela oportunidade tão importante, não poupando críticas ao sistema utilizado pela comissão de saúde para o desenvolvimento da audiência pública de sexta-feira.
À tarde, a peemedebista emitiu uma nota referindo que reconhecia o tema 100% SUS levado a debate como importante. Entretanto, na nota, a vereadora lamentou a forma com que a sessão foi conduzida, “sem permitir que as partes envolvidas, interessadas na elucidação do tema 100% SUS, tivessem a oportunidade de debater democraticamente assunto tão importante”. Disse também que reproduziu seu pronunciamento feito durante a audiência pública, “garantindo que, enquanto a saúde preventiva e básica do município atuar de forma precária, com certeza não haverá investimento suficiente para assegurar uma saúde curativa de qualidade, desafiando a qualquer um que contestasse sua manifestação, o que não ocorreu”.
Contraponto
Vereador Aquiles Pires: discurso demagogo de Carine Frassoni
Aquiles Pires (PT), proponente do evento, não se conteve e centrou as baterias sobre a vereadora, no contra-argumento. “Acredito que a audiência foi muito bem conduzida. Foi um evento para as pessoas debaterem, para que se manifestassem, não apenas para os vereadores debaterem, pois aqui já fazem debates sobre o assunto. Era um evento para a sociedade. A senhora foi vaiada como foi, vereadora Carine, por ter trocado o nome do ex-presidente da República, chamando de a Lula” – iniciou o vereador, afirmando que a indignação da legisladora se dava em função da vaia que ela havia recebido. “A senhora respeite. Foi vaiada porque não houve aceitação do discurso demagogo, seu discurso, além disso, a senhora não ficou até o fim. Debatemos até as 22h20 e a senhora, contrariada pelas pessoas, vaiada, foi embora às 20h” – metralhou Pires.
Nesse ínterim, a vereadora rebatia, do plenário. “Vaiada pelos seus colegas petistas apenas” – disse, fazendo com que o presidente Dagberto Reis intervisse para garantir a palavra a Aquiles Pires.
“É fácil com um discurso demagogo como o seu. Coragem teve o Nilo, que é contra o 100% SUS e disse isso de público. O seu discurso, vereadora, demagogo, não foi aceito, por isso a senhora foi vaiada. Prevaleceu foi a vontade das pessoas, do povo que assistia e que pôde tirar suas dúvidas e não a sua” – atirou o petista.
Aquiles Pires também dirigiu-se ao petebista Melado. “Pena, vereador Melado, que o senhor não ficou até o fim, pois debatemos, questionamos e recebemos informações por mais de quatro horas, desde às 18h até 22h20, esclarecendo dúvidas” – concluiu.
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