Da Homilia Papal

A respeito da missão sacerdotal vejamos alguns excertos da homilia do Papa Francisco, na Quinta – Feira Santa, 28 de março ( 2013 ); sua primeira missa crismal como Pontífice!

Comentando as Leituras e o Salmo 133 que falam dos “ Ungidos ’’ o Servo de Javé referido por Isaias, o rei Davi e Jesus nosso Senhor, diz-nos do simbolismo do óleo perfumado e das vestes sagradas. “ O óleo derramado sobre a cabeça, a escorrer pela barba de Aarão é imagem da unção sacerdotal, que , por intermédio do Ungido, chega até aos confins do universo representado nas vestes. As vestes sagradas do Sumo Sacerdote são ricas de simbolismo, um deles é o do nome dos filhos de Israel gravados nas pedras de Ônix que adornavam as ombreiras do EFOD, do qual provém a nossa casula atual. Também ao peitoral estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel ( Cf. Ex 28,21 ). Isto significa que o sacerdote celebra levando sobre os ombros o povo que lhe é confiado e tendo os seus nomes gravados no coração.

Quando envergamos a nossa casula humilde pode fazer-nos bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste tempo ’’. É sobremodo importante este pensamento do Santo Padre Francisco, tendo em vista que no Brasil e em outros países da América Latina, há algum tempo , foi permitido aos sacerdotes, por experiência ( assim entendida ) , sem o uso da casula nas celebrações eucarísticas, levarem somente a estola, aquela faixa larga, sobre a alva ou túnica. Entretanto, ultimamente, a referida concessão foi revogada, permitindo a estola, assim sobreposta, aos sacerdotes concelebrantes junto ao que preside à Santa Missa, por motivos plausíveis, como por exemplo, certos excessos volumosos na bagagem de quem se dirige ao local da celebração. Com isto, chega-se à conclusão da incoerente e desrespeitosa atitude daqueles que celebram a Santa Missa vestindo, ao invés da casula, um pala gauchesco, suscitando os assistentes a verem, neste gesto, não o sentido que dá o Pontífice Romano, senão a simples pilcha tradicional do gaúcho, o que repugna ao mais sublime culto da fé católica…

Para a maior valorização da sagrada Liturgia, é imprescindível o estudo da Instrução REDEMPTIONIS SACRAMENTUM, do bem aventurado João Paulo II, dando-nos normas gerais da Liturgia eucarística. O Papa continua a dizer: “ Depois da beleza de tudo o que é litúrgico, que não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas a presença da Glória do nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado, fixemos, agora, o olhar na ação. O óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, não se limita a perfumá-lo a ele, mas espalha-se a atinge as “ periferias ”. O Senhor dirá claramente que a sua unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo … É preciso chegar a experimentar assim a nossa unção, com o seu poder e a sua eficácia redentora: nas “ periferias ” onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus. Não é, concretamente, nas auto experiências ou nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor; os cursos de auto – ajuda na vida podem ser úteis, mas viver a nossa vida sacerdotal passando de um curso ao outro, de método em método, leva tornar-se pelagianos, faz-nos minimizar o poder da graça, que se ativa e cresce na medida em que, com fé, saímos para nos dar a nós mesmos oferecendo o Evangelho aos outros, para dar a pouca unção que temos àqueles que não têm nada de nada … Daqui deriva, precisamente, a insatisfação de alguns, que acabam tristes , padres tristes, e transformados numa espécie de colecionadores de antiguidades ou, então, de novidades, em vez de serem pastores com o “ cheiro das ovelhas ”; isto vo-lo peço: sede pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens. É verdade que a crise de identidade sacerdotal nos ameaça a todos e vem juntar-se a uma crise de civilização; mas, se soubermos quebrar a sua onda, poderemos fazer-nos ao largo no nome do Senhor e lançar as redes para este mar que é o mundo atual onde vale só a unção, não a função”.

O Papa Francisco termina concitando os fiéis a permanecerem unidos aos seus sacerdotes com afeto e a oração, para que sejam Pastores, segundo o coração de Deus.

Pe. Hermes da Silva Ignácio

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