Humildade como parâmetro da fé

O Divino Mestre Jesus Cristo nos ensina a virtude da humildade na parábola do fariseu e publicano ou cobrador de impostos. Ambos aparecem em condições opostas: no Templo, casa de oração, estão em atitude orante. Diz Jesus: “O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda”. O cobrador de impostos, porém, ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: ‘ Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!“Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (Lc 18, 9-14).
Os humildes jamais alardeiam santidade, embora sejam de marcante espiritualidade, como foram os grandes santos, notadamente, S. Francisco de Assis. Os soberbos, enquanto permanecem neste estado, não chegarão à conversão, visto que se acham autossuficientes, pensam realizar tudo por suas próprias forças, com desprezo ao poder da graça divina. O teólogo Johan Konings, em sua obra litúrgica de homilias dominicais, dá-nos o sentido da referida parábola, dizendo: “A mensagem deve penetrar por dois lados. Deve extirpar a mania de se achar o tal e de condenar os outros. Mas, para que isso seja possível, deve produzir primeiro um outro efeito: a certeza de que somos pecadores. Ora, isso se torna cada vez mais difícil numa civilização da “sem-vergonhice”. Pois todo o ambiente em que vivemos trata de esconder a culpabilidade e, inclusive, condena-a como um desvio psicológico e, portanto, substitui o confessionário pelo divã do psicanalista”.
Outro disfarce do pecado, como mau relacionamento com Deus e das pessoas entre si, é a superstição da astrologia com seus numerosos “signos”, que apresentam contrastes temperamentais e aborrecimentos na convivência fraterna, quer seja na família, ou noutro agrupamento social: colégios, comunidades religiosas, casas comerciais, setores industriais, etc. Neste sentido, tive a oportunidade de acompanhar o programa televisivo de Ana Maria Braga, MAIS VOCÊ, no dia vinte e dois de outubro, apresentando um destes desvios psicológicos, através de uma professora astróloga e casais de caracteres divergentes, os quais eram aconselhados pela monitora e, sem dúvida, propagandista da astrologia, que os incentivava a considerarem o que tinham de comum, sempre sob a perspectiva do bom relacionamento. Esta é a estratégia ardilosa dos “pregadores” astrológos, ou sejam, procuram deter-se sob o aspecto cultural e psicológico no âmbito de uma moral muito salutar, o que, de fato, implica em gestos meritórios. Porém, a questão da denominada “ciência astrológica” ou horóscopos paira num patamar vazio: não vai ao fundo da questão, permanecendo num jogo de palavras, simplesmente com o objetivo de satisfazer o desejo de harmonia e congraçamento que está presente na alma do ser humano. Deste modo acontece o encanto do auditório. Tal atitude verifica-se, semelhantemente, na doutrina espírita, religiões, instituições filantrópicas e políticas, atraindo para o seu respectivo partido pessoas sensíveis aos sentimentos fraternos e de valiosa solidariedade. Entretanto, o erro filosófico (causa mais profunda e radical) e teológico (a ação das graças divinas) não se mencionam, talvez, por respeito humano, vergonha de testemunhar os ensinamentos de Jesus Cristo, a Palavra eterna do Pai celeste, que nos fala a Verdade, e não os astros, realidades criadas pelo Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis a nós, criaturas humanas.
A Igreja Católica sempre desaprovou a astrologia como conhecimento científico, fazendo distinção entre a ciência astronômica e a astrologia como superstição. Estamos indo ao fim do ANO DA FÉ. É importante que, também, neste ponto, procuremos conhecer o Catecismo da Igreja Católica, veementemente, recomendado pelos três últimos Papas. O CATECISMO, sob os números 2115, 2116 e 2117, concernente ao primeiro mandamento do Decálogo, nos adverte sobre a adivinhação e magia, quando diz: “Todas as formas de advinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõem “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão, o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e, finalmente, sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus. Todas as práticas de magia ou feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo, mesmo que seja proporcional a este a saúde, são gravemente contrários à virtude da religião… O uso de amuletos também é repreensível. O Espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação e magia. Por isso, a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo. O recurso aos assim chamados remédios tradicionais não legitima a invocação dos poderes maléficos nem a exploração da credulidade alheia”.
É lamentável que católicos mal informados promovam todas as práticas reprovadas pela Igreja, autorizada a falar em nome de Deus!
Eu, pessoalmente, não teria imaginado que a católica praticante, D. Ana Maria Braga, fosse publicamente, apoiar práticas astrológicas, omitindo sequer uma palavrinha que conduzisse indivíduos ou casais em dificuldades aos recursos da oração, como força de soluções em prol da harmonia pacificadora.

Pe. Hermes da Silva Ignácio

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