A sustentabilidade das pequenas e médias empresas é uma responsabilidade que deve ser compartilhada

Nas grandes empresas em atividade no Brasil, é cada dia mais comum verificar que já existe uma gestão voltada à sustentabilidade, ou que, ao menos, a cultura para o tema está em processo de implantação. No entanto, o que poucas organizações entenderam até então é que de nada adianta fazer investimento em sustentabilidade dentro de seu negócio se não for considerada, e incluída, toda sua cadeia de fornecedores.
Rastrear sua cadeia produtiva e exigir que seus fornecedores, em sua maioria, pequenas e médias empresas (PMEs), se comprometam com práticas sustentáveis, tão pouco é suficiente. Ao invés de questioná-las, por exemplo, sobre a questão trabalhista de seus funcionários ou se a empresa está atenta aos impactos ambientais que seus produtos ou serviços geram, as grandes devem se perguntar o que elas próprias estão fazendo para colaborar com este processo junto às pequenas e médias empresas de sua cadeia de valor.
Para as grandes empresas, não basta cobrar que seus fornecedores se adequem às políticas de sua organização, pois muitas vezes eles não têm estrutura para fazê-lo. Bater na porta das PMEs impondo “investimentos em sustentabilidade”, somente gerando custos extras, fará com que elas coloquem na balança se realizarão esse investimento ou se optarão por algum outro que gere impacto direto na melhoria de seu trabalho, como a compra de novos equipamentos, computadores ou infraestrutura.
Segundo o estudo “A receita da rentabilidade para expandir os negócios: um estudo sobre as PMEs que mais crescem no Brasil”, realizado pela consultoria Deloitte em parceria com a revista Exame PME, de 2011, as pequenas e médias empresas possuem uma grande capacidade de responder de forma rápida às mudanças advindas das novas oportunidades do mercado e da economia, o que evidencia a oportunidade de se trabalhar a temática da sustentabilidade com este setor. Contudo, antes de colocar a sustentabilidade na prática, essas empresas precisam entender o conceito e o que essas mudanças acarretam em seus negócios.
No mercado, já existem ferramentas de educação corporativa que dão suporte para interessados na temática da sustentabilidade. A grande questão é como as grandes empresas podem prover às PMEs as informações e o apoio necessário para que essas incorporem, passo a passo, uma gestão responsável de seus processos. Um longo caminho no qual a educação é a primeira fase, responsável pelo entendimento, pelo engajamento e, por final, pela prática de ações sustentáveis por gestores e empresários de PMEs do Brasil.
É de responsabilidade das grandes empresas a promoção desses temas junto às PMEs, alterando, de uma vez por todas, uma relação baseada num modelo predatório para uma relação colaborativa. Para que as pequenas e médias empresas, de fato, conheçam e incorporem práticas sustentáveis em sua gestão, alcançando, assim, as metas exigidas pelas grandes, é necessário que elas sejam amparadas e que esta responsabilidade seja compartilhada. Afinal, as grandes empresas também dependem de seus pequenos fornecedores. Se não apoiá-los, os perderão.

Por Fernando Feitoza
Gerente de Educação para Sustentabilidade da Fundação Espaço ECO

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.