Sou a favor da torcida única (infelizmente)

O assunto desta semana Grenal foi a possibilidade de torcida única na Arena neste domingo. E não se engane em pensar que teremos duas torcidas no novo estádio gremista. 1.500 colorados contra mais de 40 mil tricolores nada mais é que um clássico com torcida única sim.
Aliás, sou a favor de torcida única nos Grenais.
E antes de levar algumas pedradas eu explico minha posição. O futebol nada mais é que o “circo” e sendo o esporte mais popular do mundo, agrega todas as classes sociais em torno dele. Também não podemos negar que é um tremendo negócio e gira bilhões de dólares mundo a fora. Mas não deixa de ser um esporte popular, uma expressão da sociedade em que está inserido. E aí está o grande problema. Os estádios brasileiros são o reflexo da sociedade brasileira.
Quando decidiram limitar a entrada da torcida adversária nos clássicos brasileiros (para o Brasileirão 2013 a porcentagem será de 2,5% de visitantes), abriu-se o precedente da presença de um pessoal “armado pra guerra”. Como contou André Kruse no Blog Grêmio1983 (www.gremio1983.blogspot.com.br): “Em maio de 2011 eu tentei ir até o Beira-Rio por conta própria, mas quem me forçou ingressar na escolta não foi a torcida do rival, e sim a própria Brigada Militar (que posteriormente obrigou que todos os torcedores do Grêmio tirassem os seus sapatos antes de ingressar no estádio). Essa é a melhor maneira de se criar um clima de paz, segurança e tranquilidade para uma disputa desportiva? Não deveríamos tratar o torcedor com maior civilidade?”
É muito maior a porcentagem dos “bagunceiros” num grupo de mil ou 2 mil pessoas do que dentre 10 ou 20 mil. Despreparo da polícia a parte, o tema que abordo aqui é o reflexo duma sociedade doente nas arquibancadas.
Um exemplo dessa doença esteve nas manifestações do passe livre em São Paulo. Presenciei os protestos na Avenida Paulista no mês passado e pude comprovar que a multidão avançava em plena ordem e paz. Quando ligava a televisão aparecia o Datena falando dos baderneiros e do quebra-quebra. Geralmente acontecia após o término das manifestações. E aconteciam mesmo, saques, fogo nos carros das emissoras, quebradeira. Ninguém me contou, eu vi. O problema não era a quantidade de pessoas, as confusões sempre começavam com pouca gente. Se a PM limitasse o número de protestantes, quem iria pra rua seriam os baderneiros. Eles foram da mesma forma, mas o que ficou realmente foram as imagens da manifestação pacífica da massa. Me refiro, claro, a percepção fora da cobertura da imprensa, logicamente. A cobertura jornalística da TV brasileira atende a muitos interesses desconhecidos da população.
Nos estádios acontece o mesmo. Quando acuam a massa, atiçam a violência. Tem sempre uma galera que tá pré-disposta a enfrentar a polícia.
Na década de 80 tanto o Olímpico como o Beira-Rio recebiam as duas torcidas quase que “meio a meio” durante os Grenais. Não seria essa uma posição adequada hoje em dia? O fato de inibir os torcedores dentro dos estádios rivais não seria muito mais prejudicial do que benéfico?
Espero que seja o tratamento de choque que a gente precise para acabar com essa palhaçada de 2,5% de torcida rival nos estádios. Na Arena serão 1.500 colorados, no segundo turno, se o jogo for no Estádio do Vale em Novo Hamburgo, serão 375 gremistas. Ou libera meio a meio ou então deixa torcida única.

Um Gremista
www.umgremista.wordpress.com

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