Rotina Prejudicada

Quem é meu amigo,mora em Santana do Livramento e quer bater um papo comigo,na capital,sabe que é mais fácil me encontrar,em dias de semana,à tarde,no Mercado Público do que na minha casa ou emprego.Ir ao Mercado Público para conversar com amigos e comprar os produtos ofertados por suas bancas, no térreo,é uma rotina de muitos anos,do qual não me afasto,a não ser por motivo de força maior.Pois foi exatamente o que aconteceu comigo durante a semana.O incendio que há oito dias destruiu parte do andar superior do Mercado Público desorganizou minha rotina.Mas o hábito de frequentar o local é muito arraigado. Mesmo sabendo que o incendio parcial provocou o fechamento de todas as portas do Mercado,por alguns dias,tenho ido ao largo Glenio Peres para olhar a fachada mais tradicional da cidade.Mas as visitas não recuperaram a alegria que sempre senti frequentando os restaurantes do Mercado,principalmente o Gambrinus, onde sempre encontro amigos de Santana do Livramento,que moram na capital ou estão a passeio.
Só lastimo nunca ter feito o registro dos meus encontros com pessoas de todas as profissões e idades no Mercado Público.Mas se fizesse isso já teria pronto um livro de mil páginas, com histórias diversas.Especialmemnte, eu teria registrado um pouco das minhas conversas com o ex-vereador Glênio Peres e com o cronista, escritor e historiador Carlos Reverbel,nascido em Quaraí,se que tornou conhecido por seus escritos no Correio do Povo, Folha da Tarde,Diário de Notícias e Zero Hora.Quando me encontrava com o Glenio e o Reverbel não estava interessado em saber que horas eram e quando voltaria para minha casa em Teresópolis.
Mas a medida que as memórias do Mercado desatam,enumero metalmente outros tan tos amigo,vivos e mortos, que dividiram comigo mesas de bares e restaurantes. Não haveria aqui espaço para escrever tantos nomes. Posso informar,porém, que o futebol e a politica sempre foram os assuntos predominantes em nossas conversas. E que esses temas só ficavam em segundo plano quando um músico,poeta ou literato juntava-se a nós,trazendo informações sobre o seu trabalho artístico.Quantas histórias de jogadores de futebol ouvi no Mercado Público! Quantos politicos em campanha disputaram o meu voto no ambiente mágico do Mercado Público! Quantas mulheres lindas desejei em fins de tarde,vendo-as passar,apressadas,a caminho da estação do trem metropolitano ! Mas, paro por aqui. O Mercado Público da capital jamais será derrotado por um incendio qualquer.Daqui a poucos dias já estará com suas portas abertas para receber milhares de pessoas que diariamente frequentam seus restaurantes,suas bancas,seus postos de serviços.E a minha rotina voltará ao normal,sob o olhar atento dos orixás que cuidam do Mercado e,sobretudo, com o amparo da amizade, do companheirismo e da solidariedade de tantas pessoas que, embora não saibam, fazem parte da minha família.

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