Perfeição Cristã

A vida e a fé, coerentemente, vão no mesmo itinerário, isto é, caminham juntas. Daí, a necessidade imperiosa de revermos se nessa prática diária: convivência humana e cristã na família, nos trabalhos, estudos e na sociedade como tal, corresponde aos parâmetros da fé. O Divino Mestre, Jesus Cristo, nos admoesta quando disse: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), o que significa ter novo jeito de enxergar a vida no sentido da humana fraternidade, não, porém, no mesmo nível de Deus, infinitamente perfeito, mas buscarmos sempre a perfeição como plenitude de nossa condição humana, não obstante nossa fragilidade. Nesta condição, SER PERFEITO é exigência do plano de Deus a nosso respeito, não tendo, entretanto, como justificáveis os corriqueiros e triviais erros da humanidade, levando-nos a proferir muito frenquentemente o adágio popular e pagão: “errar é humano”. Analisando, com maior profundidade, esta expressão rotineira em confronto com a revelada vontade de Deus concernente à ética antropológica, concluímos que errar, em sentido espiritual e moral, é desumano, visto que Deus, ao criar o homem no “paraíso terrestre”, deu-lhe o dom da inerrância, contanto que guardasse com fidelidade a observância do que lhe havia prescrito. Infelizmente, o homem (Adão) não foi fiel, deixou-se cair na tentação que o inimigo infernal tomou, como “meio fácil”, a intervenção da mulher (Eva). Daí em diante, reinou no mundo o pecado com toda a gama de erros… O Pai celeste, na sua infinita misericórdia, veio em socorro do homem, enviando o Filho Unigênito para destruir todos os males gerados pelo pecado e restituir uma nova criação. Hoje temos à nossa disposição as graças da perfeita reconciliação dos filhos com o Pai, oferecendo-nos a perfeita comunhão com Ele, em Jesus Cristo, cuja palavra nos fortalece a resistirmos às insinuações do mundo materialista, hedonista, ganancioso e orgulhoso, que, como conseqüência, Deus é posto em último lugar, ou mesmo, fora de todo o programa de vida, parecendo não existir.
Cristo é a luz do mundo (Jo 8,12). Sob o esplendor desta luz divina, temos a evidência do bem e do mal, pautando nosso dia a dia na vivência do amor divino. Olhamos os santos, nossos irmãos, que nos legaram exemplos extraordinários de inerrância moral, embora, muitas vezes, tenham sido grandes fautores de erros humanos. Dentre tantos, sempre foi posível um ser humano estar isento do pecado original e de todo pecado pessoal; em primeiro lugar, está a Santíssima Virgem Maria, também João Batista que foi libertado do pecado no seio materno. Depois destes dois seres humanos, a história eclesiástica nos apresenta santos que viveram autenticamente na presença de Deus, com maravilhosos exemplos de integridade espiritual, haja vista, São Luis Gonzaga, de cuja memória fazemos no dia vinte e um de junho. Desde tenra idade, o coração de Luis não esteve preso às seduções do mundo, às honrarias do poder terreno; filho primogênito do Marquês de Castiglione, nascido em 1568, com doze anos, em Florença, ofereceu à Nossa Senhora sua virgindade. Aos quinze anos, renunciou aos direitos do principado; estando na luxuosa corte de Madri, levava a vida de oração tão profunda que, em breve, alcançou a mais alta contemplação. Com 19 anos de idade, ingressou no noviciado dos padres jesuítas, tornando-se irmão religioso, durante quatro anos. Seu organismo, já depauperado por uma vida tão intensa e mortificada, tomado por uma doença virulenta, faleceu com apenas vinte e três anos. A profundidade de sua vida interior, em circunstância difíceis, sua admirável coragem em defender a vocação combatida pelo próprio pai, sua dedicação aos pobres e doentes, seu alto conceito de castidade, fizeram dele um dos modelos mais perfeitos da juventude. Foi beatificado em 1605, catorze anos após à morte, estando ainda viva sua mãe. Portanto, é sempre possível vivermos conforme a santíssima vontade de Deus, envidando permanentemente a ascese cristã e apoiados na força de Deus Uno Trino, fonte de toda verdade.

Pe. Hermes da Silva Ignácio

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