Esquerda e Direita

Sabe-se que esta identificação de esquerda e de direita surgiu após a Revolução Francesa de 1789, mais propriamente na Convenção Nacional ou Parlamento, quando duas bancadas ficaram bem caracterizadas. Do lado direito da mesa da presidência, sentavam-se os chamados conservadores que desejavam a manutenção da monarquia, entre eles o grupo dos girondinos; enquanto que do lado esquerdo se agrupavam os jacobinos sob a chefia de Robespierre, assim denominados porque como representantes do Terceiro Estado, ou seja, do povo em geral ou de pessoas que não pertenciam à nobreza e nem ao clero, eram intransigentes defensores do sistema republicano.
Passaram-se os tempos e a identificação ideológica das pessoas perdurou, dando-se a posição da direita para quem fosse rotulado ou professasse uma ideologia, por critérios aleatórios, chamada de conservadora, enquanto que a colocação na esquerda se destinava a quem estivesse na posição ideológica oposta, identificado como progressista. Após a Primeira Guerra Mundial e até o final do segundo conflito universal, quando floresceram os regimes totalitários na Itália (fascismo), na Alemanha (nazismo) e na União Soviética (comunismo), procurou-se distingui-los, como se fossem diferentes entre si, colocando os dois primeiros na direita e o terceiro na esquerda.
As ditaduras da América do Sul vieram confirmar uma velha teoria do escritor inglês Gilbert Chesterton (1874—1936), quando dizia que a ditadura de direita é igual à ditadura de esquerda, pois as duas andam em sentido paralelo como os trilhos do trem.
Roy C. Macridis, (Ideologias Políticas, 1982) cientista político, Ph.D em Harvard, afirmou que “da mesma forma, quando os partidos totalitários da esquerda ou da direita ganham o poder, ambos eliminam as liberdades e a competição política, ambos estabelecem a regra do partido único, ambos prometem desenvolver uma economia planificada e substituir o mercado livre, ambos dão ênfase a objetivos sociais e comunitários em oposição aos individualistas. Ambos subordinam o indivíduo, de fato, ao Estado ou, ao partido, e às novas ideologias que estabelecem, e cuja ortodoxia tentam impor”. Para Macridis, Pinochet e Fidel Castro sempre caminharam pelos mesmos trilhos.
Ademais, não tem mais sentido chamar de “progressista” a quem prega a restauração de doutrinas ideológicas e totalitárias sabidamente carcomidas, envelhecidas e de mau uso durante o século passado. Vale salientar que os ex-países comunistas do Leste Europeu ainda carregam o peso do atraso econômico e das liberdades democráticas do antigo regime. Portanto, se não há mais esquerda, com certeza ninguém mais se posicionará a direita, perdendo sentido esta classificação. O que temos nos dias de hoje são pessoas eficientes e outras ainda dependentes de vislumbrar os atuais rumos da Humanidade.

Renato Levy

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