Espírito Santo

O Espírito Santo é uma Pessoa divina integrada consubstancialmente no profundo mistério da Santíssima Trindade, constituindo, por conseguinte, as operações de Deus em todo cosmo, agindo permanentemente, de modo infinitamente sustentável, sobretudo, sobre os seres mais perfeitos, os anjos e os homens criados à imagem e semelhança do Criador. Toda e qualquer ação do Espírito Santo é, igualmente, do Pai e do Filho; pois, os três agem juntos numa misteriosa harmonia. Portanto, as três Pessoas divinas estão presentes em tudo o que não é Deus em sua íntima essência.
A Igreja, desde seu início, ressalta o Espírito Santo como a força vivificadora e celebra solenemente a festa denominada Pentecostes, cuja palavra vem do grego que indica os cinquenta dias após a Páscoa da Ressurreição de Cristo. Antes de subir ao céu ( Ascensão), Jesus deixou a ordem a seus discípulos que ficassem em Jerusalém em oração, durante nove dias, para receberem o Espírito Santo, como uma explosão visível, no meio de um forte vento trazendo sua força sobre os Apóstolos reunidos com Maria, no cenáculo, em forma de línguas de fogo para manifestar que ele é o sopro divino, “ o arruach” que ilumina e aquece os corações humanos no amor de Deus e ao próximo. Cheios do Espírito, os Apóstolos, vibrantemente destemidos dos perseguidores da Religião, saíram pelo mundo enfrentando o martírio de suas vidas.
Santo Agostinho, no século V, dizia que o Espírito Santo é a alma da Igreja, assim como a alma humana envolve todo corpo e o anima. Por isso, a Igreja é santificada pelo Espírito do Senhor, e expressa esta verdade irrefutável, através da Palavra e dos santos Sacramentos, que tem por iniciação iluminadora o batismo, que já nos dá o Espírito Santo e, em plenitude, no Sacramento do crisma.
Se perscrutarmos a história eclesiástica, não teremos a menor dúvida de que a Igreja, corpo místico de Cristo, é imprescindível do Espírito Santo. Reforçando esta ideia, lemos num Documento do Papa Paulo VI que “ a Igreja tem necessidade do Espírito Santo; sem Ele, ela não pode viver”. São Basílio, Bispo do século IV, célebre pela santidade de vida e sabedoria divina, dissertando sobre a ação do Espírito santo que recebemos no batismo, diz que “ o Espírito Santo restitui o paraíso, concede-nos entrar no Reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna; numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos, tanto na vida presente quanto na vida futura. Dá-nos, ainda, contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que, pela fé, esperamos usufruir como se já estivéssemos presentes”.
Todos os homens e mulheres, vivificados pela fé em tudo o que nos foi revelado pelo Espírito Santo, reconheceram e testemunharam humildemente que os prodígios realizados nas comunidades, através da missão propagadora do Evangelho de Jesus Cristo, não provieram de si mesmos, por mera força pessoal e natural, mas pelo poder do Espírito do Pai e do Filho. O apóstolo Paulo, na Carta aos Romanos, enfatiza a ação benfazeja e misericordiosa do Espírito Santo, dizendo; “O Espírito ajuda a nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. Aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, por que ele só pede pelos santos segundo Deus “ ( Rm 8, 26 s.). Na mesma Carta aos Romanos, São Paulo diz: “ O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” ( Rm 5, 5).
Santo Irineu, Bispo do II século, discípulo de São Policarpo que, por sua vez, foi discípulo do apóstolo e evangelista São João, cita o profeta Isaias, no Tratado contra os hereges: “o Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus ( Is 11, 2 ). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando o Paráclito sobre toda a terra… ”Ele é o PARÁCLITO, o nosso defensor, o verdadeiro advogado junto ao Pai e ao Filho.
Os bispos, sucessores dos apóstolos, santificam os fiéis sob a ação dos sete dons do Espírito Santo. A liturgia da Eucaristia prescreve que no altar onde o bispo diocessano celebra a santa Missa tenha sete velas, simbolizando os sete dons. Vemos sempre os sete candelabros sobre o altar do Santo Padre, o Papa, que é, também, o bispo de Roma. As orações litúrgicas são concluídas em forma de doxologia trinitária do único Deus: “Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

Pe. Hermes da silva Ignácio

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