Meu relógio parou…

Meu relógio parou esses dias, o segundeiro perdeu as força, e não mais andou os 60 passos. Aqueles passos necessários para empurrar o outro ponteiro, indicando mais um minuto de vida, ou quem sabe menos um minuto, como queiram, depende do ponto de vista. E ali naquele momento a vista da retina percebia um fato novo, aquele minuto em que o relógio parou já era passado, portanto sendo passado ele já existiu, e por ele já ter existido não existe mais! O que me levou a crer que, nada mais poderia fazer por ele, o passado é irretroativo, não se pode incidir ou mudá-lo. Logo depois que percebi isso, nasceu uma preocupação enorme com os próximos minutos que viriam a seguir, pois eles logo se tornariam passado também. Eis então que surgiu uma nova percepção, os novos minutos seriam futuro, que ainda não aconteceram, e não acontecendo existe uma óbvia lógica, eles também não existem.
Ou seja, em tão pouco tempo percebi que as coisas que mais me atormentam, no passado, como decisões tomadas, arrependimentos, frustrações, erros e acertos não mais faziam sentido, já existiram e agora tornam-se parte da linha do tempo. E tudo aquilo que me angustia no futuro, como inseguranças, incertezas, dúvidas e planos são sentimentos fundamentados na importância que dava ao passado, o que também não existe.
Sendo assim só me restou uma única alternativa, perceber então o que é o presente? Foi a partir daí que senti definitivamente a vida, e que até ali vinha sobrevivendo, apenas sobrevivendo. Porque enquanto me preocupava com o futuro e sentia frustrações e remorsos pelo passado perdia de viver o único momento que realmente existe, o presente, o agora. A partir de hoje meu presente se confunde com um futuro inexplicavelmente irresistível, e de tanto se confundir eles se fundem, proporcionando-me assim a certeza de uma grande verdade, pois estar presente no presente é imprescindível para quem decide viver! E por mais irônico que seja, hoje, renasci no findar das pilhas!
Rafael Damasceno

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