Santa Casa afirma que há atendimento, e Prefeito não descarta contratações de outros municípios

Mais um problema na área de prestação de serviço de Saúde foi registrado na semana, que fecha com denúncia de irregularidades realizadas na gestão anterior – contestada e negada pelo ex-prefeito Wainer Machado e nota da Santa Casa, afirmando que não há paralisação

Os esforços terão que ser ainda mais concentrados, sob foco de um único interesse: o atendimento da população. Há um incondizente princípio de desarmonização nas relações entre Prefeitura Municipal, Santa Casa de Misericórdia e grupos médicos. Pelo menos, é o que deixa transparecer a série de acontecimentos registrados nos últimos dias.

Uma cidadã – a exemplo de outras – procura a área de atendimento de traumatologia da Santa Casa de Misericórdia, com a finalidade de obter uma consulta para a realização de um procedimento para seu neto. Dona Terezinha, como foi identificada pela rádio RCC FM, falando ao vivo no programa Jornal da Manhã, compareceu ao hospital e uma pessoa a atendeu, dizendo: “Não haverá consulta, nem atendimento; o médico está em greve. Não vai atender, porque não recebeu”.

Que remédio? Voltou para casa e ficou aguardando.

A secretária da Saúde, Érika Zanini de Andrade, foi pega de surpresa pela informação, ao vivo na emissora. No dia anterior, com o prefeito Glauber Lima e o secretário da Fazenda Paulo Lago, ela havia participado de uma reunião com a diretoria da Santa Casa. O tema acordado foi: o pagamento do valor pendente seria feito até dia 10 de abril, pela Prefeitura. Estava tudo tranquilo até ali, com a diretoria, como contratante, encarregando-se de informar aquilo que havia sido acordado.

Ninguém, porém, disse isso ao médico que, por não ter recebido o que lhe era devido, exerceu um direito: não atendeu.

Celeuma instaurada.

Nova reunião, com presença da totalidade dos vereadores, que foram até o hospital, sendo recebidos pelos diretores Adolfo Ferreira e Claudio Marmontel, além da representação da diretoria médica.

Solução?

Na prática, nenhuma. Apenas a pressão ao secretário Lago para buscar acelerar o pagamento, conseguindo dinheiro. Afinal, até ali já estava confirmada a informação de que o atraso no pagamento era superior a 30 dias. Tampouco havia a compreensão de um outro acordo de cavalheiros – o qual estabelecia prazo até julho para que continuassem sendo realizados repasses com defasagem superior a 30 dias.

À tarde, a secretária Érika e o secretário Paulo fazem a denúncia de uma prática irregular que vinha acontecendo na Secretaria da Saúde. Os dados pertinentes a consultas e procedimentos médicos realizados sob o ambiente do sistema SUS eram lançados duplicados. Ou seja, havia um lançamento na secretaria e outro era enviado da Santa Casa. Assim, o valor que o SUS repassava beirava os R$ 200.000,00, dinheiro esse integralmente repassado à Santa Casa. Segundo a secretária Érika Zanini de Andrade, essa fraude foi descoberta em fevereiro, e está sob apuração agora, já que os integrantes da comissão de sindicância da pasta retornaram às atividades em março. Dos R$ 200.000,00 aproximadamente, o município passou a receber R$ 105.000,00, mediante ordem da secretária Érika para que fossem realizados os lançamentos uma única vez, da forma correta, conforme a secretária.

Ontem, três novos movimentos. Pela manhã, cedo, durante participação no programa Jornal da Manhã, da RCC FM, o prefeito Glauber Lima, reforçou as palavras de seus secretários – que participaram do programa Conversa de Fim de Tarde ao vivo, falando sobre o que qualificaram como denúncia. Glauber Lima deixou claro que já determinou que fosse usado dinheiro do caixa da prefeitura para pagar a Santa Casa, assim como não descartou a busca por médicos de outros estados e municípios e até do Uruguai, para fazer frente à dificuldade no atendimento da área de saúde na especialidade que for.

À tarde, a Santa Casa de Misericórdia emitiu uma nota, assinada pelo provedor, médico Carlos Alberto Vieira, que informou, por meio da assessoria do hospital, que desejava “responder à matéria de A Plateia”, veiculada na edição de 4 de abril.

“Com relação ao veiculado pela imprensa, ATENDIMENTO EM TRAUMATOLOGIA DETONA OUTRA BOMBA NO SETOR DE SAÚDE DO MUNICÍPIO, temos a informar que não há paralisação de qualquer serviço do Hospital. Com relação à área de traumatologia, existe uma dificuldade de recomposição de serviço devido à doença de um dos especialistas. Quanto aos outros dois, eles se comprometem a completar o trabalho de urgência e emergência. Os atendimentos ambulatoriais estão suspensos de forma unilateral pelos médicos traumatologistas; estamos gesticulando, a fim de que a Secretaria Municipal de Saúde assuma o serviço, já que somos meros repassadores de verba.” Foram essas, ipsis litteris, as palavras de Vieira.

Por último, ao fechamento desta edição, o ex-prefeito Wainer Machado, participando do programa Conversa de Fim de Tarde, afirmou que não houve nenhuma irregularidade ou fraude em sua administração na Secretaria de Saúde. “Há, isso sim, a competência de quem soube captar dinheiro para custear a saúde do município, como nós fizemos. Temos explicação, sim. Fizemos a captação dos recursos e fizemos bem feito” – disparou. Acrescenta que está à disposição para todo e qualquer tipo de esclarecimento.

Como conclusão: o assunto ainda vai dar muito o que falar.

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