Crime Deita e Rola

Desde que cheguei em Porto Alegre pela primeira vez, no início de 1965,tenho sido um pedestre cem por cento ativo.Ando de um lado para o outro com as minhas próprias pernas,a não ser que precise ir mais longe para atender um compromisso .Neste caso,me socorro de ônibus ou lotações,que cobrem todos os bairros da capital com razoável eficiencia e pontualidade.E sempre escolho o lado da janela para olhar o que se passa nas ruas e calçadas enquanto os veiculos percorrem o itinerário escolhido.Mas não há nada que substitua o prazer de caminhar nas ruas do centro,onde assisto fatos diversos,que me provocam alegria ou tristeza.Ontem,em mais uma incursão pelas ruas do centro assisti, sem surpresa,uma tentativa de roubo produzida por um jovem que tentou inutilmente arrebatar a bolsa de uma senhora.Ela se debateu, gritou e em poucos segundos várias pessoas correram em seu auxílio.Rapidamente o ladrão foi dominado e entregue a soldados da Brigada Militar,que chegaram em seguida.Ainda bem,porque se eles não chegassem o desastrado larápio seria linchado a socos e pontapés,apesar da forma desesperada com que tentava desvencilhar-se dos espancadores.Não me juntei ao grupo que o agredia nem ao coro dos que pediam para que não o matassem.Com forte dor de cabeça e gripado,eu era um zé ninguem inutil assistindo a uma cena tantas vezes repetida.

Não é dificil advinhar o que aconteceu com o rapaz.Foi levado para uma delegacia,ouvido por um policial civil sem muito interesse e mais tarde colocado em liberdade.Amanhã ou depois estará de volta às ruas do centro em plena atividade criminosa.E se eu comentar o assunto no Sala de Redação,alguem dirá que não pode ser diferente, porque faltam espaços nas cadeias para deixar os criminosos trancafiados. O argumento não se baseia em mentira,mas a situação da segurança no país é surrealista.Antes de agir,de avançar sobre o dinheiro ou a vida das pessoas, o criminosos já sabe que dificilmente será alcançado pelo braço da lei.Ele vive e age no mundo que pediu ao Diabo.Diante de tamanho disparate, já não tenho a mesma vontade de caminhar nas ruas de Porto Alegre,menos pelo temor de ser assaltado do que pelo desprazer de assistir criminosos em ação todos os dias, deitando e rolando.E o pior é que não vejo nenhuma medida efetiva contra a insegurança que inferniza nossas vidas.

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