Bento XVI e Francisco

Tenho certeza moral de que o PAPA FRANCISCO não deixará o pontificado de BENTO XVI ao “ostracismo”. Indubitavelmente, seu magistério pontifício fará eco à ação evangelizadora de seu antecessor que terá, pelo menos, por algum tempo, forte ressonância as suas proposições da fé, da esperança e do amor na história eclesiástica. A curto prazo, penso nas intenções do Apostolado da Oração, publicadas para o ano de 2014, fazendo-nos viver, em cada mês do próximo ano, a presença espiritual do Papa emérito, BENTO XVI. Estão muito iludidos aqueles que imaginam, no atual pontificado, uma mudança radical segundo suas concepções apoiadas na super exaltação do pensamento contemporâneo: egoísta, materialista, liberalista, consumista, tecnologista, etc. Alguns elementos desta sociedade mundana esperam que o novo Papa, Francisco derrube “barreiras”, como dizem. Alguém da imprensa falada chegou ao extremo de uma jactância perniciosa em regozijar-se com a justa renúncia do grande Papa, Bento XVI, dizendo que o Pontífice deveria ter deixado suas atividades pastorais há muito mais tempo, pelo fato de entravar a liberdade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, casamento de padres, aborto, ordenação de mulheres e outras anomalias antropológicas. Já temos, porém, em evidência a afirmação do Papa atual em assegurar a negação das referidas pretensões.
É verdade da fé católica que o Espírito Santo dirige e inspira a Igreja e não permitirá, sem dúvida, negação das verdades explícitas e implícitas da revelação divina, plenificada pelo próprio Mestre Divino, Jesus Cristo, cuja Palavra continua a ressoar em nossos corações: “Estou convosco todos os dias, ate o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Outro item que não será uma novidade é a continuidade do trabalho ecumênico, consubstanciado no diálogo entre as religiões dispostas a isto, haja vista, o diálogo da Igreja com os judeus e outros não cristãos, mas que respeitam, de certo modo, a autoridade papal. Ouçamos o que, recentemente, escreveu o Presidente de Israel, Shimon Perez enaltecendo o hercúleo magistério de Bento XVI: “Lamento muito a decisão do Papa de renunciar ao pontificado. Trata-se de uma decisão original, porque ele é um homem original e corajoso. Considero-o um líder espiritual extraordinário e único. Penso que a contribuição de Bento XVI teve um impacto importante. É um homem de pensamento profundo. O corpo envelhece, mas a sabedoria nunca envelhece. O seu compromisso pela paz e pela humanidade é autêntico. Possui a sinceridade do crente verdadeiro, a sabedoria de quem compreende as mudanças da história e a consciência de que, não obstante as diferenças, não nos devemos tornar estranhos nem inimigos.
No âmbito das relações entre a Igreja Católica e o povo judeu realizou inúmeros gestos. Afirmou que o povo judeu não é responsável pela morte de Jesus; reafirmou que os judeus são os “nossos irmãos mais velhos” e disse que Deus nunca abandonará o povo judeu. Visitou Israel e o Templo maior em Roma para expressar sua amizade e solidariedade.
Em Israel acompanhei-o pessoalmente. E foi amistoso de uma maneira excepcional e deveras cheia de carinho. Reza pela paz no Médio Oriente, precisamente como fazemos eu e outros. Não pode ser considerado como o líder administrativo do Vaticano, mas como guia espiritual, dotado de profundidade, conhecimento e sabedoria. Considero-o um amigo. Desejo-lhe todo o bem e permanecerei em contato com ele.
Em Jerusalém rezaremos, a fim de que possa recuperar as forças físicas e oferecer a própria sabedoria, profundidade e amizade a todos os povos, a todas as religiões.
Recordá-lo-emos com respeito e estima por tudo o que fez.
Shimon Perez, Presidente de Israel’’.
Humanamente falando, será difícil o Papa Francisco superar, em âmbito do ecumenismo os grandes passos dados por seus predecessores, beato João Paulo II e Bento XVI.
É, outrossim, ridículo, vergonhoso e incoerente alguém, intitulado católico manifestar-se tão ousadamente como tivesse autoridade para tais pronunciamentos! Por vezes, não cristãos são mais coerentes e prudentes que muitos católicos participantes de comunidades eclesiais.

Pe. Hermes da Silva Ignácio

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