Salão lotado para seminário sobre rede de cuidados à mulher

 

Formação da rede de proteção às mulheres foi tema do seminário, que reuniu representantes de diversos órgãos e um público estimado em cerca de 150 pessoas ao longo do dia de ontem

Público lotou o salão de eventos do Verde Plaza, no primeiro dia do Seminário Para Formação da Rede de Cuidados

Um tema recheado de complexidade e que carece cada vez mais de um olhar sensível da sociedade para a resolução rápida dos problemas e diminuição dos números que crescem em uma escalada assustadora.

Com esse objetivo, Sant’ Ana do Livramento sediou, ontem, o Seminário para a Formação de uma Rede de Cuidados para a Mulher. Representantes do governo municipal, das secretarias de Saúde do Estado e do Município e do Ministério da Saúde marcaram presença logo na abertura do evento, que reuniu um número significativo de participantes ligados aos mais diversos segmentos e que possuem um trabalho direto com as mulheres. “As políticas de enfrentamento à violência contra mulher”, primeira palestra do dia, foi proferida, sob os olhares atentos do público que lotou o salão de eventos do Verde Plaza Hotel, pela Diretora de Enfrentamento à Violência da Secretaria de Segurança do Estado.

Através de uma projeção de slides com dados atualizados, a ideia de uma nova rede muito mais capaz e com ferramentas mais estruturadas foi apresentada pela palestrante, que explicou o funcionamento de alguns órgãos pertencentes ao Estado.

A representante do Ministério da Saúde, Junny Kraiczyk, lembrou o fato de ter estado na cidade em 2007, e destacou a estratégia política que envolve o plano da formação da rede de proteção. “Não temos como falar de Aids nesse país, por exemplo, se não falarmos de violência. É um desafio muito grande entender que estamos falando da mesma mulher quando falamos dos abusos”, frisou. Junny salientou a importância da atuação conjunta com os mais diversos grupos que conhecem, e reconhecem, a realidade local. A palestrante apresentou dados relacionados ao vírus HIV no país e que foram sendo atualizados no decorrer do evento. “Temos, hoje, uma epidemia que se estabiliza, mas isso não pode ser considerado animador, uma vez que ainda temos pessoas a tratar e ainda temos que considerar que é pior do que gostaríamos. No Rio Grande do Sul, temos 58.495 casos, 50,6% são acumulados na região Sul”. De 1998 a 2009 a incidência aumentou muito e a região Sul do país causa preocupação. “Precisamos entender essa rede de vulnerabilidade para conseguir entender esses números”, explicou Junny. A representante do Ministério da Saúde apresentou dados que mostraram que o Rio Grande do Sul ocupa uma posição de destaque entre os Estados que mais notificam os casos de Aids. “A taxa de mortalidade no Rio Grande do Sul é o dobro do país inteiro. Isso significa que as pessoas têm dificuldades em aderir ao tratamento, coragem ou não têm respaldo para saber sua sorologia. Muitas vezes, as pessoas não fazem o teste porque acreditam que é melhor não querer saber disso. Hoje, já tratamos a Aids quase como uma doença crônica, mesmo sabendo que ela se relaciona com um tabu muito grande ainda. Vendo essa mortalidade, observamos que as pessoas precisam conhecer mais rapidamente a sua situação e precisamos enfrentar o estigma”, frisou. Ao falar especificamente sobre os casos que envolvem mulheres, a palestrante destacou que a partir de 2003 houve uma estabilização no número de casos entre mulheres. “Entre as mulheres, existem alguns fenômenos. Por exemplo: as mulheres morrem mais rápido do que os homens, o que nos revela que quando ela adoece, ninguém a cuida”, afirmou. A palestrante destacou, também, que a maior vulnerabilidade está diretamente relacionada às questões raciais. Segundo ela, o maior número de casos se dá entre as mulheres negras e de baixa renda. “É absurdo saber que as pessoas ainda veem as mulheres de maneira diferente”, disse.

 

Programação

 

O seminário teve continuidade à tarde, com o restante do cronograma e com o local reservado completamente lotado.

Adélia Porto, da Secretaria da Segurança Pública, apresentou dados estatísticos sobre a violência contra a mulher, na 10ª Coordenadoria Regional de Saúde, onde Livramento está incluída.

Também foram apresentadas políticas de estado para o cuidado à mulher, através da chamada Rede Cegonha, com Fernando Anschau.

O Seminário terá continuidade nesta quarta-feira, com as palestras de Clarice Batista, que irá apresentar dados epidemiológicos da HIV/Aids, às 10h30, e às 13h30 o Departamento Nacional de DST/Aids apresenta estratégias de enfrentamento. O Seminário encerra às 17h.

 

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