Transparência: um bom sinal dos tempos

A transparência é um marco geracional. E essa mudança vale para as relações sociais, políticas e profissionais – com facetas das mais simples às mais complexas. Trata-se de uma quebra de paradigmas em relação ao tempo dos arquivos empilhados, daqueles livros de atas feitos à mão, dos almoxarifados com documentos mofando por anos a fio.

Também mudou a lógica da comunicação: o furo de reportagem pertence muito mais às redes do que às mídias convencionais. A notícia é dada no momento em que ela acontece, chega mais rápido e para uma quantidade maior de pessoas. As relações sociais estão expostas – todos sabem de tudo, mesmo dos mais distantes. Isso gera, a propósito, uma oportuna discussão sobre o excesso de exposição.

Enfim, estamos mergulhados nessa transformação, verdadeira metamorfose. Sequer sabemos dimensionar onde tudo isso vai chegar, muito menos ter certeza sobre os aspectos positivos e negativos. Um tema ainda repleto de dúvidas e apto a diversos estudos. O certo é que, numa perspectiva genérica, a exposição leva a uma democratização da informação.

Mas, se em outras dimensões incidem essas precauções, na política o atributo da transparência deve e pode ser cada vez maior. É preciso haver publicidade no que é público. Simples assim. E agora estamos diante de ferramentas inequivocamente úteis para qualificar o patamar de acompanhamento e de juízo por parte do eleitor. É preciso ser dado a saber.

Esse marco gera uma avenida de possibilidades tanto para as instituições quanto para a própria sociedade. Expor as contas é apenas o passo mais evidente. Transmitir as sessões de tribunais, câmaras, assembleias e congresso, idem. Mesmo nesses quesitos, ainda há muito a evoluir. Basta ver que, enquanto muitos dados ainda não foram publicados, outros tantos são excessivamente técnicos e incompreensíveis.

Claro que a privacidade das pessoas e o interesse público devem ser preservados, até mesmo por uma questão de segurança. Porém, quem não perceber que precisamos avançar sempre mais no que se refere à transparência inevitavelmente restará desconexo com o nosso tempo. Essa é uma exigência que precisa crescer por determinação própria dos poderes, bem como por reinvindicação da sociedade. É um caminho sem volta. Um bom caminho, a propósito.

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