Já escolhi o Papa

O tema que está na mídia mundial foi a renúncia do papa Bento 16 e a eleição de seu sucessor. As casas de apostas britânicas estão borbulhando de palpiteiros. Todos apresentam alguma razão para indicar este ou aquele cardeal como provável escolhido. Eu tenho o meu palpite também e vou dizer agora, porque depois da unção, já não será mais palpite.
Com base nas conjecturas que tenho para fazer uma dedução, concluo por exclusão que o futuro papa não será latino. Poderá ser do hemisfério Norte, cidadão anglo-saxão, norte-americano ou dos países nórdicos. A minha opção para esta hipótese tem por base os sérios problemas que a Igreja enfrenta na atualidade, muitas vezes procurando tirá-los do foco midiático. Não é novidade que o clero do hemisfério Norte pressiona há muito tempo para que seja extinto o celibato e a homossexualidade seja tratada cientificamente e não mais com invencionices ou crendices.
O problema financeiro da Igreja e as denúncias de corrupção são graves, mas são pontuais e podem ser resolvidos por uma boa administração. Estas duas questões que citei estão atormentando a Igreja pelos escândalos de pedofilia e pelas vultosas somas em dinheiro que a Igreja tem pagado a título de indenizações. Só no ano de 2007 a Igreja norte-americana pagou em torno de US$ 700 milhões para pôr fim a processos judiciais.
Presumo que a maioria dos cardeais fará reuniões e se interrogarão para saber qual deles assume o compromisso prévio de, se escolhido, convocar um Concílio para extinguir o celibato e pedir que a Pontifícia Academia de Ciências dê um parecer científico e terminativo sobre a homossexualidade que está disseminada nas corporações em todos os quadrantes e o clero não está isento. Para fazer isto de antemão, entendo que só o nórdico, porque o latino e muito preconceituoso e não assumiria este compromisso por temor da repercussão futura.
O celibato não é dogma. Foi no Concílio de Latrão, em 1123, que a exigência passou a valer para o clero latino. No Oriente cristão, já havia sido declarado que homens casados poderiam ser ordenados padres, sendo que o costume continua vigente. A encíclica Sacerdotalis Celibatus do papa Paulo 6º em seu versículo 42 também se refere aos sacerdotes casados provenientes de outras comunidades cristãs e que sejam admitidos como clérigos católicos.
O Código Canônico em seu Cânon 1395 prevê a possibilidade de “clérigo concubinário” e, além disto, lembre-se que o celibato foi instituído a fim de que os seus membros não pusessem em risco o patrimônio da Igreja com o casamento, porque naquela época o único regime de bens vigente era o da comunhão universal. Durante muitos séculos a concubinato era corriqueiro entre o alto clero, exemplo disto foi Rodrigo Borja (1431-1503) que assumiu a cadeira papal sob o nome de Alexandre 6º, em 1492.
Vamos esperar para ver.
Renato Levy

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