Mais indústria, mais crescimento

Vivemos uma fase de dúvidas sobre a economia do Brasil. Nada a ponto de ameaçar nossa estabilidade ou de romper os marcos que já conquistamos. Porém, vários sinais indicam a necessidade de novas ações para estimular o desenvolvimento.

Com ou sem crise internacional, precisamos crescer mais do que em 2012. E veja-se que a previsão de 3,5% de aumento do PIB para este ano, já modesta diante das carências do país, vem sendo revisada para baixo semanalmente.

Dentre as causas dessa pouca ascensão, está a falta de recuperação da indústria nacional, que teve uma retração de 2,7% em 2012. O governo acertou em medidas como a redução pontual de tributos setoriais, a desoneração da folha de pagamento, a diminuição da taxa básica de juros e a implantação de programas via BNDES. Porém, isso já não mostra o mesmo efeito.

A situação é agravada pela valorização do real. Nossa moeda voltou a subir – uma péssima tendência para a competitividade do país, especialmente para os exportadores. Além disso, a balança comercial marcou um déficit de US$ 4 bilhões, o pior resultado em 20 anos.

Há, porém, alternativas a serem buscadas. O Banco Central precisa continuar intervindo para estancar uma alta ainda maior do real. O governo deve atuar para que a queda dos juros chegue ao consumidor. E que os financiamentos facilitados alcancem as indústrias de pequeno e médio porte, o que não tem acontecido na proporção ideal.

A taxa Selic caiu, mas o juro real não apresenta igual descenso. O spread bancário ainda está muito elevado. É necessário, portanto, que o Planalto continue pressionando instituições bancárias para uma alteração nesses patamares. E tem legitimidade para usar os bancos públicos em tal direção.

Há que se salvaguardar nossa indústria: combater, com mais rapidez e eficiência, a concorrência predatória de produtos estrangeiros. Muitos países estão usando artifícios para burlar as restrições impostas pelo governo brasileiro. O setor calçadista testemunha cotidianamente essas práticas. E a resposta da nossa defesa comercial é demasiadamente lenta. Trata-se de uma área ainda pouco estruturada, muito distante do que a dinâmica do mercado exige.

Através do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), além desses caminhos, estamos sugerindo que o governo dê continuidade às medidas de incentivo adotadas até aqui, prorrogando a validade de todas elas. Ao lado disso, postulamos mudanças mais profundas em nosso sistema tributário, bem como na configuração do pacto federativo. Precisamos agir na conjuntura e na estrutura. Logo e no ponto certo. Recuperar o vigor da nossa indústria é condição para o crescimento econômico. Isso deve ser prioridade do país.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.