A igreja é infalível, os Papas não
Os Papas mudam de nome porque Jesus Cristo mudou o nome do apóstolo Simão para “Pedro”, quando decidiu que ele seria o fundador de uma nova igreja foi para mostrar que o Papa está sob o comando de Deus. Daí que, a igreja sonhada por Jesus bateu de frente com o obscurantismo da alma humana. Vários Papas fraquejaram diante de tamanha missão, para o qual, Josepf Ratzinger não foi diferente, nascido em 16/04/1927, teve uma infância polêmica por ter sido forçado a participar da juventude nazista, em moda na Alemanha da época. O Cardeal Ratzinger foi anunciado Papa em 19 de abril de 2005. Teve um papado muito difícil devido a uma crise de confiança na Igreja Católica debitada principalmente a um jogo de poder paralelo, intrigas, traições, somando-se aí os dilemas bioéticos diante de um catolicismo pós-moderno.os dilemas bioéticos e o catolicismo pós-moderno os dilemas bioéticos e o catolicismo pós-moderno
A decisão papal, movida pela coragem moral e ética, inspira também uma segunda leitura, um convite a uma respeitosa reflexão. Embora não tenhamos nenhum apreço pela velhice, porque a tornamos feio, penso que não é feio perder parte da visão, da audição, da velocidade das pernas, do vigor físico. Em um mundo em que muitos governos e instituições são dirigidos por idosos que não pretendem abrir mão do poder, Bento XVI deixa voluntariamente o leme da Igreja, o maior símbolo do domínio masculino, para ir viver num palácio que até agora tem sido um convento de clausura.
Na atual cultura global da juventude, onde anciãos procuram de todos os modos se preservarem por meio de cirurgias plásticas e implantes de cabelo, Bento XVI afirma que não há mal em envelhecer. Não é feio ter limitações de locomoção, esquecer palavras, ficar triste pelos amigos que se vão. Um Papa que sai de cena como este, no mínimo deixa uma mensagem aos mais jovens: a velhice é para sábios e mansos.
Como sabemos a ditadura efêmera da modernidade se impõe de modo cruel aos velhos de hoje, são como objetos descartáveis a trancafiar caminhos dos mais apressados e uma igreja como a católica, que é a referência moral e espiritual do mundo cristão vive uma enorme pressão de uma sociedade que exige reformas nos hábitos e costumes como: sexo fora do casamento, uso de preservativos, aborto, casamento homossexual, a biotecnologia… E por aí vai!.. Tudo isso é irrelevante do ponto de vista dogmático, o qual a igreja jamais modificará porque seria negar as escrituras sagradas. Mudar não é o ponto, é o contraponto dos velhos costumes com um incerto futuro. Pois bem, Bento XVI cansou, o infalível pontífice desistiu para o bem da igreja.
O luxo do Vaticano, tão criticado por muitos, faz parte da hipocrisia religiosa que certamente Jesus não aprovaria, mas penso que ele entenderia como louvor e veneração um ato cristão de tanto que o adoram. Apesar de sua opulência, intempéries e sigilo que o envolve, gosto do ecumenismo católico, incluindo os Papas, até porque toda a fortuna da igreja não pertence a uma pessoa, é patrimônio da humanidade e os pontífices fazem voto de pobreza. Porém faço restrições, acho que a igreja precisa de transparência e reforma, principalmente na questão Banco do Vaticano. A Igreja Católica conseguiu formar um imenso rebanho global de cristão, se ela falhar, todos falharemos.
Carlos Alberto Potoko
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