Livramento na contramão dos casos de dengue

Supervisor de campo, Gerson Ormonde, e a coordenadora da Vigilância Sanitária em Livramento, Carmen Motta

Monitoramento constante dos agentes que realizam o trabalho nos bairros, vilas e região central da cidade tem apresentado bons resultados

Enquanto a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul confirma que foram notificados 140 casos suspeitos de Dengue, e confirmados 16 casos importados, contraídos nos estados de Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Amazonas, Sant’Ana do Livramento segue livre da doença que todos os anos coloca autoridades em alerta máximo em toda a região de Fronteira, inclusive pela passagem diária de milhares de turistas argentinos pela cidade.

De acordo com a coordenadora da Vigilância Sanitária em Livramento, Carmen Motta, a situação na cidade está sob controle. “No momento, está tudo sob controle e todos os nossos 22 agentes de campo estão atuando. O que tivemos, no dia 8 de janeiro, foi que em um das armadilhas encontramos larva do mosquito Aedes aegypti. Essa armadilha está instalada no interior da empresa Ouro e Prata e não é a primeira vez que acontece – aliás, sempre que acontece, é ali. Foi feito todo o trabalho e não foi encontrado mais nada”, afirmou a coordenadora. Atenta aos dados apresentados diariamente no Estado e também com os olhos fixos para o outro lado da Fronteira, o Uruguai, Carmen Motta diz que o trabalho conjunto também é importante para que novos focos não venham a surgir na cidade. A coordenadora disse que a incidência é maior no local onde o foco foi encontrado, pelo grande fluxo de ônibus e caminhões. “No Porto Seco, também há sempre o risco do surgimento de focos da Dengue, porque há uma movimentação muito grande de veículos que vêm de outros estados e até mesmo de outros países da América do Sul. Hoje, temos 158 armadilhas instaladas por toda a cidade, e todas elas são visitadas a cada segunda-feira. Se ficar uma sem visitar, voltamos de tarde ou na terça-feira. Não podemos deixar de vistoriar nenhuma delas e, quando acontece, os moradores nos avisam e vamos ao local para fazer a vistoria. As armadilhas estão instaladas em 42 locais, a cada 250 imóveis”, disse o supervisor de campo, Gerson Ormonde Lima.

Ainda segundo Ormonde, o combate em Sant’Ana do Livramento está sendo feito no chamado L.I. (levantamento de índice) em 10% dos imóveis existentes, cerca de 37.000. “Fazemos o levantamento de índice em ciclos quadrimensais. Quando no primeiro levantamento sobram dias, isso é complementado com o chamado manejo ambiental, que é justamente onde começa a importância da participação da população, uma vez que são apenas 22 agentes. A comunidade pode nos ajudar, e muito, se cada um cuidar do seu pátio, do seu terreno, do seu espaço”, frisou o Supervisor. 

Casos pelo Estado 

Ao ser questionada se os dados revelados pelo Estado, e que apontam para 140 casos suspeitos e o primeiro autóctone (surgido dentro do Estado), Carmen Motta disse que as atuações mudam somente quando são encontrados focos positivos na cidade. “Quando encontramos esses focos, aí mudam as estratégias. Entramos em contato com a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde, notificamos, e o próprio coordenador regional vem ao município para liderar toda a ação para procurar mais focos ou evitar que surjam outros. Agora, não temos casos positivos de pessoas doentes na cidade. A nossa preocupação, da mesma forma, quando temos casos em cidades próximas, aumenta, e muito, e redobramos os sinais de alerta”, esclareceu.

Carmen Motta revelou, ainda, que em encontro recente com o Ministro da Saúde do Uruguai, o mesmo confessou que o país vizinho acabou perdendo o controle da doença. “Eles perderam o controle dos focos do mosquito porque em um dos rios eles não conseguiram mais controlar, e assim ficam pipocando casos positivos. Eles também já tiveram casos positivos de dengue não-autóctone, ou seja, foram levados para lá através de visitantes. Nos casos autóctones, por exemplo, sabemos que a pessoa se contaminou por um mosquito daqui. No caso do Uruguai, eles dizem que as pessoas viajaram e levaram a doença para lá. Essas pessoas foram medicadas imediatamente. Assim, vamos ter que cuidar muito as nossas cidades vizinhas, e não apenas a nossa Fronteira. Aqui, somos um corredor dos argentinos que passam pelo Uruguai. Não temos casos porque estamos fazendo o trabalho de verdade, e se tem alguém que não está fazendo bem, a gente fica sabendo. As pessoas que têm armadilhas em suas casas nos informam sempre. Colocamos, recentemente, uma armadilha no Posto da Polícia Rodoviária Federal, e se tiver que entrar mosquito no país, ali certamente vai aparecer, porque o mosquito vem de carona dentro dos carros. Se não estamos atentos e não revisamos as armadilhas, há muito risco de se alastrar. Por enquanto, o mosquito está protegido do mosquito, mas pode aparecer de alguém vir de outra região e trazer para cá a doença. Já enviamos ofício para os hospitais alertando sobre a situação e questionando sobre a estrutura e médicos capacitados para fazer o diagnóstico precoce da doença”, disse a coordenadora.

Com uma proliferação rápida e um ciclo de vida curto, em média 38 dias, as ações no caso da detecção de focos positivos precisa ser muito rápida. Em 2013, na semana epidemiológica 05, o município de Porto Alegre confirmou o primeiro caso de dengue autóctone do ano, somando até o momento 6 casos desse tipo. 

Em alerta 

“Estamos sempre em alerta. Caso as pessoas encontrem larvas de mosquito no pátio de suas casas ou em qualquer outro ponto, basta entrar em contato com a Vigilância Sanitária através do número 3968-1181 e vamos até o local”, afirmou Gerson Ormonde. Ainda de acordo com o supervisor de campo, a larva do mosquito da Dengue possui características diferenciadas e o pessoal treinado está habilitado para fazer essa identificação. “Se as pessoas encontram um pote com larvas e vão com uma lanterna, a larva do mosquito da dengue se esconde. Ele é muito esperto e tem uma capacidade de ficar muito tempo em baixo da água. Por isso, é importante chamar a Vigilância Sanitária que vai até o local, recolhe uma amostra e encaminha para exames no Laboratório de Fronteira, cujo resultado sai em 24 horas”, finalizou.

 

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