Amar é preciso

Solidariedade. Não são apenas seres invisíveis que confortam os familiares das vítimas da tragédia de Santa Maria; não é a promessa de um memorial no local do incêndio e nem a esperança de que seja feita justiça; o que mais vem confortando as pessoas enlutadas é uma solidariedade até então desconhecida em nosso país. Embora o povo normalmente esteja disperso e indiferente, essa grande solidariedade faz pensar na música do Geraldo Vandré: “Somos todos iguais, braços dados ou não”.
A grande passeata inicial de solidariedade foi uma manifestação espontânea da população. Ela não foi organizada por religiosos, pela imprensa ou pelas autoridades. Sequer havia carros de som ou formação militar para organizá-la ou para garantir a segurança. Mesmo assim foi uma passeata calma, carinhosa, silenciosa, dolorida, generosa e fraternal.
Simplicidade. As grandes Constituições dos países desenvolvidos contém poucos itens – cumpra-se e ponto final – não dão muitas chances a enrolação. Assim também, antes que alguns evangelistas e muitas religiões criassem inúmeras determinações, limitações e proibições, inventando o que Ele não disse, um Ser de Luz chamado Jesus Cristo nos deixou, segundo as suas palavras, um único mandamento: “Amai-vos uns aos outros”. Deixou-nos também uma única oração, o Pai Nosso. Ora, muitas falas, regras e exortações não deixam perceber esse enorme e inteligente mandamento, pois se todos amassem uns aos outros não mais haveria ganância e corrupção. Quem ama não mata, não rouba, não engana, não corrompe. Se todos os países entendessem possuir um Pai comum e universal, também haveria algo jamais entendido – fraternidade e solidariedade permanente.
Justiça. Existem tantos meandros em nossa legislação que eles acabam fantasiando os direitos em amplas e intermináveis defesas, mas ocultam os deveres. Inúmeras precauções legais, aos poucos, engordam os códigos e levam à impunidade, a prazos inconcebíveis à prescrição e ao esquecimento das faltas cometidas pelos indivíduos e pelas instituições.
A tragédia. Um enorme e triste memorial da falta de consciência, da falta de amor na sociedade que se apresenta sem segurança e sem proteção à alegria juvenil; “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. É preciso amá-las sempre, ontem, hoje, amanhã e depois do amanhã. Amor não de palavras, mas de ação. Foi essa ação que fez o homem Jesus trazer muita luz ao dia a dia das pessoas. Ele teve uma vida de contato direto, inteligente e permanente com as multidões. Não requereu amor a si mesmo, mas estendeu a todos os povos um poderoso e incontestável amai-vos uns aos outros. E ponto.
Amor. Embora muito ainda precise ser dito e apurado, o silêncio reinante na cidade de Santa Maria fala com muito maior eloquência. Aos jovens vitimados diga-se apenas Amor; todas as outras palavras ficaram secundárias.

“Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção
Pra que teu povo cantando teu canto
ele não seja em vão”

Vilnei Maria Ribeiro de Moraes –
Engenheiro civil
vilneimaria@bol.com.br

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