Lixo, risco e alagamentos em um grande problema urbano

Situação perdura há mais de 30 anos, segundo relatos de moradores, entre a Francisco Cabeda e a Amélia Porto Pereira

Se o número de garrafas pet é impressionante, o de garrafas de cachaça, de vidro, também é significativo

O local: aclive da rua Francisco Cabeda, atrás das residências designadas pelo número 141, na Vila Julieta-Vila Santos. É a área dos fundos de algumas casas situadas na rua Amélia Porto Pereira. Um barranco está servindo, há muito tempo, como depósito de lixo, jogado cotidianamente entre um conjunto de árvores e os fundos de várias residências. No local, entre a vegetação que cresceu descontroladamente, transformando o pátio das casas, é possível encontrar uma infinidade de objetos descartados. São pedaços de geladeira, sobras de cadeiras, pedaços de televisores, uma infinidade de garrafas pet de todos os tamanhos e também de vidro, além de diversos pedaços de componentes dos mais variados equipamentos, de máquina de lavar, a carrinho de mão; de sacolas plásticas, a lã de vidro, entre uma infinidade que exigiria a disponibilização de várias páginas para relatar.

Nogueira e Ana verificam a parte de baixo da encosta, constatando também o risco para os moradores

O risco: algumas das casas – de madeira e de alvenaria – que têm os fundos por sobre o barranco, estruturaram suas bases em colunas concretadas e outras em esteios de madeira. A questão diz respeito justamente à base dessas bases: o próprio barranco. O detalhe é que ele serve como esteio para tais estruturas. Nos períodos de chuva intensa, já ocorreram alguns pequenos desmoronamentos de pedra e terra, conforme narrativas de populares das imediações, porém, nada significativo até hoje. A chuva, entretanto, causa alagamentos diversos e os problemas que derivam dela permanecem, como umidade e infiltrações nas paredes.

Os problemas: naquela região da Vila Julieta, essa situação acaba derivando uma série de problemas, como alagamentos, infiltrações nas residências, empoçamento de águas, desequilíbrio ambiental, erosão do solo, entre outros, sociais e ambientais. Na prática, são perceptíveis várias situações que precisam de solução. A falta de segurança do barranco, o lixo e os alagamentos.

As soluções: sugestões, leigas, são várias, desde o reforço em concreto, muro de contenção, entre uma série de outras possibilidades. Porém, há reconhecimento de que medidas conjuntas precisam ser tomadas, entre as secretarias do município, demais forças sociais, assim como prover ações de orientação e prevenção envolvendo os próprios moradores, assim como exponenciais da comunidade, em suas diversas áreas de atuação. Não há solução fácil para aquele trecho, porém, independente de opiniões, há a constatação principal de que deva ser realizada uma série de estudos, inclusive, geológicos para verificar as condições e o desgaste do barranco, assim como, na área ambiental, a fim de determinar como se encontra a sanga que corre pelo meio do matagal derivado a partir do barranco. 

Vereador Jansen Nogueira foi até o local com a secretária Ana Aseff, dos Serviços Urbanos

Os moradores faziam a limpeza 

Residente há 31 anos na primeira residência, literalmente, no pé do barranco, com os fundos de sua residência a pouco mais de 5 metros do declive, a viúva Tania Maria Carrion (como informou ser mais conhecida naquelas imediações) recebeu, ontem pela manhã, a reportagem da rádio RCC FM/Jornal A Plateia, acompanhada pelo vereador Jansen Nogueira (PT) e sua assessoria. Ela confirmou que há dificuldades, principalmente com o lixo que é jogado em toda aquela área e, corre com as chuvas. Nesse turbilhão, lã de vidro, sacolas plásticas, garrafas pet, pedaços de objetos, entre diversos outros elementos são as causas para que não exista possibilidade de vazão da água (o local não tem bueiros).

A moradora, questionada, informou que nunca recebeu qualquer visita da Defesa Civil, destacando que acredita que seus vizinhos também não. Conta que em dias de chuva muito forte e constante, partes do barranco se soltam. “É pedra de areia, tudo ali” – refere. Ela conta que quando seu esposo vivia, era a família que fazia a limpeza do local, por iniciativa dele. Porém, refere que foi tanta gente despejando lixo que chegou a um ponto em que não houve mais condições.

Ana Paula, filha de Tania Carrion, conta, por telefone, que a situação remonta há mais de 30 anos. “Eu tinha um ano de idade quando minha família se mudou para lá. Me criei ali” – refere. Mesmo residindo em outro local, no interior, ela contou, por telefone, que mantém preocupação constante com todos os integrantes de sua família que residem naquela área. Recorda que o lixo, carregado pelas chuvas, também causa alagamentos nas residências do outro lado da quadra, assim como nas casas localizadas no alto, em um acesso que existe antes da curva da rua Ilodino Soares, gerando transtornos também na rua Benjamin Cabelo, ou seja, toda a quadra entre a Amélia Porto Pereira e a Benjamin Cabello – estabelecida entre a Francisco Cabeda e a Ilodino Soares – registra problemas. Ana Paula relata que há mais de 20 anos pessoas da municipalidade estiveram fazendo um levantamento no local e prometeram fazer um reforço e colocar bueiros em toda a extensão, além de fazer uma contenção contra o barranco, a fim de reduzir as possibilidades de desmoronamentos. “Isso faz tanto tempo que lembro vagamente e, até hoje, nada foi feito” – refere. 

Providências devem ser tomadas com a maior urgência possível 

Panorama da beira da encosta: atrás da cerca de madeira é o topo da rua Francisco Cabeda

O vereador Jansen Nogueira Charopem (PT) vem acompanhando de perto essa situação, e há um bom tempo já levou a secretária Ana Asseff até o local, conforme registra. Também já falou com o secretário de Planejamento, Luiz Carlos Santana, sobre o problema. Como Nogueira faz parte da Comissão de Educação, Cultura, Saúde, Desenvolvimento Social e Meio Ambiente, está preocupado com a situação dos moradores e, principalmente, das casas daquela encosta e das residências, haja vista existir um córrego abaixo que faz com que toda a sujeira flua para onde corre a água.

O vereador petista e seu assessor, Jéferson Gaspar, estiveram no local, confirmando que já conhecem bem o problema. Estiveram algumas vezes, realizando levantamento fotográfico em períodos de seca e também de chuva. “Já conversei com a secretária de Serviços Urbanos, Ana Aseff, para que tentássemos realizar uma limpeza, pelo menos, aqui nessa área, mas entendo que isso não poderá ser possível, pois ela dispõe de reduzido número de servidores e, como esta é uma área grande, com muito lixo acumulado, seria impossível destinar todos os servidores para alguns dias de trabalho específico somente neste local. Compreendo essa impossibilidade dela, mas vamos procurar o Prefeito e outras forças sociais para tentarmos construir uma solução para esse problema que se arrasta há vários anos” – disse ele.

Lixo depositado desde há muito tempo permanece acumulado até as chuvas fortes no local

O parlamentar disse que estaria produzindo um pedido de providências para o Executivo, sugerindo, inclusive, que fosse feito contato com os militares do 7º Regimento de Cavalaria Mecanizado, a fim de pedir ajuda para realizar uma limpeza. Em um segundo momento, de acordo com o vereador, é preciso que seja verificada a possibilidade de realizar a colocação de bueiros e, após uma análise detalhada do solo e da estrutura do barranco, ver sobre a possibilidade de colocar uma contenção. “Acredito que essa situação deve ser analisada pela Defesa Civil com a maior brevidade possível, pois estamos tratando com as vidas das pessoas” – refere.

Nogueira concorda que existe uma série de medidas que precisam ser tomadas entre a municipalidade e a sociedade civil organizada, com foco central na solução dos vários problemas apresentados, e destaca que, além daquele trecho, há situações semelhantes em diversos outros pontos da cidade. “São muitas áreas de risco as quais nós, do gabinete do vereador Jansen, percorremos, a fim de verificar o que é possível fazer” – diz ela. 

Visão da quantidade crescente de lixo em contraste com os alicerces das residências da rua Amélia Porto Pereira

Perigo 

O próprio trecho do aclive também representa perigo, à noite, para os veículos que trafegam naquela área. A curva, que dá acesso à rua Amélia Porto Pereira, é estreita e nos períodos de chuva contínua, circular ali se torna ato de risco. “Já houve, uma vez, um automóvel que ficou com a frente embicada para a frente da minha casa. Quase caiu. Foi o mato que segurou” – sintetiza Tania Maria Carrion, narrando a oportunidade em que um veículo, em função dos pneus estarem desgastados pelo uso, resvalou na pedra molhada do calçamento e desceu alguns metros, sem que o condutor pudesse controlar. “Menos mal que não aconteceu nada, porque a gente foi ver e tinha várias pessoas dentro do carro, quando ele resvalou para baixo. Mas, mal encostou no barranco e parou, ficando com a frente no ar. Depois, as pessoas conseguiram puxar de volta em plena chuva” – relatou a moradora, queixando-se de não haver também qualquer barreira na borda do barranco.

 

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