O criminoso dá as cartas

Até algum tempo atrás, os crimes sempre tinham como vítimas as pessoas de posse, que propiciassem ao assaltante um bom resultado financeiro ou que fosse capaz de pôr a disposição dele os bens pessoais da vítima. O criminoso visava uma vantagem patrimonial imediata e de fácil acesso. Gradativamente, o assaltante foi requintando o seu ato criminoso – além dos bens pessoais, por que deixar de aproveitar a oportunidade do assalto para sequestrar a vítima e coagi-la a lhe entregar outros bens pessoais ou de seus familiares?

O aumento constante desta prática criminosa obrigou muitos empresários a alterar a denominação das empresas que fundaram ou das quais eram sócios, tendo que retirar delas o nome familiar, a fim de evitar que a publicidade da empresa chamasse a atenção dos delinquentes para a capacidade financeira daquelas pessoas que compunham a família relacionada com a empresa.

. Os que são considerados miliardários, além das fortalezas que mandaram construir para servir de residência, proibiram terminantemente que os seus nomes aparecessem nas colunas de badalação social, evitando despertar a cobiça de possíveis sequestradores.

De uns tempos para cá a delinquência se tornou tão escancarada e impune que os seus autores já não se preocupam mais em selecionar os alvos ou mesmo seus objetivos imediatos. Com a sofisticação da criminalidade seus autores passaram a controlar as penitenciárias e constituir os seus tribunais de exceção. No interior ou fora das cadeias eles mandam prender algum infiel, julgá-lo, condená-lo a morte e executar a pena com celeridade, demonstrando assim a rapidez do justiçamento, bem diferente da lenta justiça do Estado.

Não fica por aí a criminalidade. Eles resolveram marcar o seu território e demonstrar explicitamente que são eles que detêm a força e a determinação para impor a sua vontade e não mais a sociedade organizada. Há anos atrás o PCC deixou bem claro em São Paulo que age e revida imediatamente quando o Estado tentar coagi-lo por alguma circunstância. Agora foi em Santa Catarina. A bandidagem mostrou a sua cara para que todos dimensionem a força deles. Em ambos os casos ficou clarificado que o Estado perdeu o controle e que não tem armas adequadas para conter os ataques.

Se não bastasse a ação destas organizações criminosas, a imprensa noticia que nos últimos meses um delinquente condenado pela mais alta Corte deste país a mais de 10 anos de reclusão está incitando a população através dos sindicatos e demais organizações populares em geral a se revoltar e protestar contra aquele tribunal que o condenou. E pior de tudo é constatar que alguns dão acolhimento a estas manifestações que tem feito o condenado José Dirceu, não se sabendo se ela e paga ou espontânea. Almejo que Deus nos acuda nestas horas.

Renato Levy

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.