A morte é irrevogável

Enquanto vivemos neste mundo em nossa corporeidade, à expectativa da ressurreição da carne no fim dos tempos, podemos dizer, com toda convicção, que a morte, como o termo da nossa peregrinação terrestre, é irrevogável, isto é, não poderá deixar de existir na face da terra, não só para os seres humanos como, também, para todos os seres vivos, animais e vegetais. Desta realidade, nos fala a história da humanidade e a nossa própria experiência atual, assistindo à morte cotidiana de multidões de homens e mulheres no mundo inteiro. Esta realidade da nossa morte é-nos confirmada pela revelação de Deus, exarada nas Sagradas Escrituras, a partir do primeiro livro da criação, o Gênesis, dizendo-nos que a morte não foi feita por Deus e, sim, entrou no mundo pelo pecado, no momento em que Adão, o primeiro homem, representando toda a humanidade e desobedecendo à ordem de Deus para que não comesse do fruto da ciência do bem e do mal, ouviu a voz de Deus: “…morrerás indubitavelmente” (Gn 2, 17). Consequentemente, anunciando, o Senhor Deus disse-lhe: “ Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó e em pó te hás de tornar” (Gn 3, 19). O apóstolo Paulo também nos diz ao escrever aos Coríntios: “ Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo, todos reviverão” (I Cor 15, 22). O livro dos Provérbios nos alenta da morte dos justos; “É por causa de sua própria malícia que cai o ímpio, o justo, porém, até na morte conserva confiança“ (Prov. 14, 32). Neste contexto da morte, a Epístola aos Hebreus traz-nos, no capítulo nono, a eficácia definitiva do Sacrifício de Cristo, ressaltando que cada pessoa humana, vinda uma única vez a este mundo, também morre uma única vez, quando diz: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo, assim também Cristo ofereceu-se uma só vez para apagar os pecados da multidão; e se ele deve aparecer uma segunda vez, já não o fará em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam’’ (Heb 9, 27 e 28). Esta verdade cristã calca aos pés a tão pretensiosa doutrina herética dos “reencarnacionistas”, que afirmam muitíssimas existências de uma pessoa, em tempos diferenciados, para uma purificação de pecados, unicamente por si mesma, sem contar com as graças divinas no processo dinâmico da conversão para Deus.
Ninguém de sadia razão poderá contestar a doutrina revelada por Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Já no Antigo Testamento, sobretudo, no Salmo 48 (49) nos atesta sobre a indefectível verdade, que é a instabilidade da felicidade meramente material, dizendo: “Por que ter medo nos dias de infortúnio, quando me cerca de malícia dos pérfidos? Eles confiam em seus bens, e se vangloriam das grandes riquezas. Pois nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus seu resgate. Caríssimo é o preço de sua alma; ser-lhe-á sempre impossível prolongar indefinidamente a vida e livrá-la da morte. Porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome… Não temas quando alguém se torna rico quando aumenta o luxo de sua casa. Em morrendo nada levará consigo” (Sl 48, 6 – 18).
O que dizer, então, daqueles cientistas de maneira supereminente otimistas que procrastinam, talvez, num futuro longínquo, a vida humana imperecível? Até não negaríamos, face aos inesperados progressos da ciência, que tais aspirações possam acontecer no âmbito de uma vida sadia em si, sem, contudo, aceitar a imunização da morte humana que, indubitavelmente, sempre acontecerá, enquanto não houver “ novos céus e nova terra”, na restauração gloriosa prometida pelo Senhor que destruirá a morte por todo o sempre. Até lá, todos morreremos, com toda certeza, por fatores também externos ao nosso hipotético físico salutar, com “mil motivos” (causa mortis) por acidentes fatais ocorridos em casa, nas ruas, nos caminhos rodoviários, aéreos e marítimos, bem como homicídios, infanticídios, suicídios, descargas elétricas, afogamentos e tantos outros meios que, inpreterivelmente, nos levarão à morte!
Neste ANO DA FÉ, somos convidados a rever atentamente a Palavra de Deus, que é a Verdade total, e pô-la em prática vital, fazendo-a chegar a todos, quanto possível, sob os impulsos de nosso sagrado dever, contando sempre com a força do Espírito Santo, para que não morramos eternamente, ou seja, não tenhamos a eterna “segunda morte: o flagelo de fogo”, segundo o Apocalipse de são João (Ap. 20, 14), mas a feliz ressurreição da carne pelos séculos dos séculos. Amém.

Pe. Hermes da silva Ignácio.

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