A alegria de viver

O Luis Fernando Veríssimo que esteve internado na UTI do Hospital Moinhos de Vento indo depois para o quarto, já teve alta e voltou a escrever para Zero Hora, para alegria de todos nós, seus admiradores. A maioria dos comentaristas festejama volta do autor da Família Brasil. Também gosto de ler e ver a Família Brasil, além de ler suas crônicas com uma fina ironia que se vê nas entrelinhas ou de forma mais escancarada.
Ainda no hospital, quando saiu do coma, foi logo perguntando para sua esposa Lúcia: onde é que eu parei? Sou leitor de Luis Fernando há muitos anos e, em termos de charges, lamento até hoje do fim de As Cobras. Ali, em poucos traços, em dois ou três pequenos quadros o autor traçava um retrato de um acontecimento marcante da vida regional ou nacional.Lamento até hoje a falta das Cobras, esperando que um dia Luis Fernando as ressuscite.
Na sua crônica voltando a escrever para Zero Hora, o escritor fala de seus delírios e sonhose fala de uma casa de lata desmoronando e caindo em cima de si. Era sua morte que acabou não acontecendo. Mas o que mais me marcou na crônica foram suas palavras finais: “ E eu não disse para ninguém que deveria estar morto”. Essas palavras me reportaram para o meu caso, minha vida pessoal, minhas doenças que passam de dez. Eu também deveria estar morto. Pelo menos duas ou três vezes (“ quando o mundo não conta que são mais”). No entanto sobrevivi, tal a minha vontade de viver e meu incorrigível otimismo.
Gosto de me ver cercado de gente, de cultivar amigos, mas também tenho a minha rotina e gosto de meus momentos de sozinhez.
Gosto de, em Livramento, sair pela manhã, comprar mantimentos no super- mercado se houver necessidade, passar na Academia de Letras para fazer algum serviço necessário ou ir ao banco pagar alguma conta. Com esses afazeres se vai a manhã, qundo volto para casa. À tarde, invariavelmente vou para a confeitaria Iglú Via Park, a nossa Iglú, onde encontro amigos para conversar de tudo e de nada. Volto para casa quase à noite e se não tenho outro compromisso, social ou cultural, fico em casa, vendo noticiário na TV, lendo jornal ou um bom livro quando não assisto a um filme de meu gosto.
Assim vou vivendo minha vida, “contente ou descontente”, eu que já poderia ter morrido duas ou três vezes, mas continuo aqui, talvez por causa desse meu otimismo e vontade de ser feliz e dessa incrível vontade de viver.
Até outra.

Zuil C. Pujol (Florianópolis, 03, 01,2013).
zuilpujol@ig.com.br

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