O Tribuno do Rio Grande

No ano de 1956 fui estudar em Santa Maria. Naquela época eu já gostava de literatura e política. Interessava-me qualquer assunto que se relacionasse com cultura.Passei a admirar muitos políticos por seu gênio e sua cultura universal, independente de suas cores partidárias, embora fosse oriundo de pessoas (meu pai e meu irmão Dario) ligadas à União Democrática Nacional (U.D.N.). Assim. Gostava de Carlos Lacerda, Santiago Dantas, Rui Ramos e tantos outros. Mais recentemente passei a admirar, por suas culturas amplas a Fernando Henrique Cardoso e José Paulo Bisol. Para mim são gênios a serem admirados, apesar de suas posições políticas.

Um dia em Porto Alegre, estava eu a escutar uma palestra de Fernando Henrique, quando o Régis, meu filho, me interpelou: “pai, como é que estás ouvindo Fernando Henrique se não gostas dele?”.Eu lhe respondi: ”meu filho, politicamente não me coaduno mais com Fernando Henrique, mas admiro sua cultura e seu gênio. Tudo o que ele diz me interessa, Por isso o leio e escuto suas palavras”.

Mas o tema desta crônica se chama Rui Ramos, apelidado “zero tribuno do Rio Grande”. Era mais ou menos o ano de 1958, 59 ou 1960, pois sou ruim para guardar datas. O fato é que eu estudava no Curso Científico à noite no Colégio Estadual Manoel Ribas em Santa Maria. Numa noite, em plena campanha política Rui Ramos candidata a Deputado Estadual, iria fazer um comício na praça em frente ao colégio. Os candidatos a governador eram Walter Perchai de Barcelos (amigo e companheiro de cavalgadas de meu pai, no 2° Regimento desta cidade) e Leonel Brizola. Brizola fazia muitas promessas como candidato. Perachi nada prometia, dizendo que não poderias iludir os eleitores.

Rui Ramos do Partido Trabalhista Brasileiro, o P.T.B. (não confundir com o de hoje) defendia Brizola e ia contra Perachi, da U.D.N. que nada prometia.Lembro-me bem das palavras de Rui Ramos: “Quem pretende governar o Rio Grande deve levar para o palácio pelo menos uma promessa, pelo menos uma intenção”.E por aí seguia Rui Ramos, perorando em favor de Leonel Brizola, voltando seguidamente a reafirmar: “pelo menos uma promessa, pelo menos uma intenção”.E ainda dizia: “quem nada promete nada tem a cumprir”. Nessas eleições, Brizola venceu Perachi de Barcelos.

Conto esse fato porque li na Zero Hora de ontem, dia 13 de Julho, que em Alegrete será inaugurada uma estátua do grande tribuno, no dia 19 de Setembro, um dos líderes da Legalidade.

 

Até outra…
Zuil C. Pujol.
zuilpujol@ig.com.br

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