O Capitão do Povo

Acho que se poderia organizar,em Porto Alegre,sem dificuldades insuperáveis, um feira de livros somente escritos por autores santanenses.E certamente haveria atrações para todos os gostos,numa mistura salutar de gêneros e autores.A maior dificuldade seria a de resgatar obras esgotadas,de autores já esquecidos,mas que tiveram desempenho destacado em seu ofício.Lembro,entre eles,de Carlos Cavaco, que foi grande poeta,mas tambem ensaista e prosador dos melhores nascidos em Santana do Livramento.Mas eu teria uma contribuição a dar para a feira,porque consegui reunir quase todos os livros de autoria do grande tribuno e agitador social.Fui estimulado pelo Ivo Caggiani que escreveu com muito sucesso a biografia do Carlos Cavaco.Nao lembro de outro escritor que tenha participado com tanta intensidade das lutas do seu tempo,sem importar-se com a perspectiva da cadeia ou do exílio.A história das lutas sociais no Rio Grande do Sul,que se intensificaram após a vitória dos coomunistas na Rússia,não pode ser escrita sem a inclusão do nome do Carlos Cavacco.Mas, alem dos livros do Cavaco, haveria tambem os de muitos santanenses que se dedicaram ao culto das letras. Que deixaram o registro da sua sensibilidade em poesias,crônicas, livros históricos e até obras de ficção.

A idéia da feira me ocorre em meio a leitura de um livro lançado esta semana,em Porto Alegre,que não pode ser ignorado por quem aprecia a história de Santana do Livramento e das lutas de socialistas e coomunistas por um mundo mais fraterno.Trata-se das memórias de Pedro Alvarez, um militar nacionalista, que se tornou conhecido como O Capitão do Povo.Lançado por Já Editores, sob a orientação de outro conterrâneo, o jornalista Elmar Bones,com prefácio de Marco Antonio Villasboas, o livro foi escrito quando Pedro Alvarez tinha 87 anos,em 2.005. E ficou a espera de que um editor bem informado,sem preconceitos ideológicos, o publicasse.Pedro Alvarez, que hoje está com 94 anos e há pouco tempo implantou uma ponte safena, foi um dos mais bravos combatentes na vitoriosa campanha de O Petróleo é Nosso, no final da década de 40.Nascido em Santana do Livramento,em 29 de outubro de 1918,Pedro Arbues Martins Alvarez é descendente de espanhóis, das Astúrias.Seu pai, Hector Alvarez,foi um dos nomes mais importantes do comércio de Santana do Livramento e escreveu versos inspirados, principalmente para homenagear sua esposa, Maria Isabel.A casa de ferragens Hector Alvarez marcou época.O livro de memórias do Capitão do Povo é um passeio pela história do Brasil e espelha a coragem de homens da sua estirpe,enfrentando os vendilhões da pátria, submissos aos interesses estrangeiros.Os moços idealistas de hoje precisam conhecer a luta empreendida por Pedro Alvarez, que sofreu no exílio e na prisão,mas jamais recuou na defesa dos seus ideais.

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