Educação como prioridade objetiva

A necessidade de melhorar a educação brasileira, de tão evidente, parece retórica. Mas não é. Basta ver que, no cerne de nações que deram grandes saltos de desenvolvimento econômico e social, está a priorização desse setor. Mas também aí não foi uma prioridade retórica, de discurso, de repetição de soluções com duvidosos resultados. Foi uma escolha integral, ao mesmo tempo política e orçamentária, pública e privada. Os dois exemplos mais significativos disso são o Japão e a Coreia do Sul. Esses países orientais perceberam o caminho do futuro, mas agiram no presente, de imediato. Com força, com decisão, promovendo uma revolução de verdade.

No Brasil, tivemos avanços nas últimas décadas – não há como negar. A frequência melhorou. Menos crianças estão fora da escola. E o acesso ao ensino superior chegou a camadas mais populares, antes financeiramente impedidas de cursar uma faculdade. Porém, e aí vai outro dado inegável, está evidente que ainda estamos longe, mas muito longe, da situação ideal para um país de se pretende protagonista no cenário mundial. Nossa educação não avança no mesmo compasso da economia de mercado.

Há uma clara falta de profissionais técnicos. Esse nível de trabalho por muitos anos foi alijado à condição de subemprego. Com o avanço econômico, a necessidade desse perfil aumentou, mas o Brasil se viu incapaz de responder à altura. Hoje, há excelentes oportunidades para quem presta serviços técnicos, mas uma imensa reclamação, por parte da média dos consumidores, seja pela falta de fornecedores ou pela baixa qualidade. É necessário investir ainda mais, seja via governo ou iniciativa privada, na formação de trabalhadores para atender a essa demanda. Muitos empreendedores, inclusive, poderão surgir desse vácuo.

Outra lacuna é o resultado do nosso ensino fundamental. Basta ver e ouvir o relato de pais de família e dos próprios professores. Muitos alunos, por motivos que ainda precisamos diagnosticar melhor, saem desse período escolar sem noções básicas de conhecimento e até mesmo de lógica. Muitas vezes demonstram dificuldade de pensar, de conectar ideias, de escrever um texto com certa lógica, de interpretar uma história ou de fazer raciocínios matemáticos simples. É preciso reconhecer tais problemas, colocando em segundo plano a escolha de culpados ou a perseguição contra classes profissionais. O debate precisa centrar-se, objetivamente, em como melhorar os resultados escolares das crianças e adolescentes. Eles precisam aprender mais e melhor.

As respostas não são difíceis, mas precisam ter corolários, reflexos, consequências, atitudes. E é nisso que estamos pecando. A prioridade para a educação precisa ter aquela inspiração oriental e igual postura. Isso significa ativismo administrativo imediato e direto: maior destinação de orçamento público, reavaliação de práticas pedagógicas que não deram certo, permanente aferição do aprendizado objetivo e melhoria das condições para os profissionais da área. Trata-se de tornar a educação como o grande vetor de mobilização do Brasil, sem mais nenhum subterfúgio. A nação precisa abraçar a educação como quem abraça e cuida do seu próprio destino. Esse é o caminho estratégico para o novo país que queremos construir.

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