São Pio X

Dentre os 256 papas desde São Pedro ao atual Pontífice Bento XVI, nas várias dezenas de papas canonizados, isto é, declarados santos pela suprema autoridade eclesiástica, está um santo de nosso tempo: São Pio X, nascido em Riese, na Diocese de Treviso, Itália, em 1835. Foi batizado com o nome de José Sarto; de uma família pobre e humilde, mas de intensa vivência espiritual. Percebendo a inteligência do menino, os pais empenharam-se com grandes sacrifícios para que cursasse ao menos os estudos ginasiais. Para isso, o pequeno José, de dez a catorze anos, percorria diariamente muitos quilômetros com um pedaço de pão no bolso para almoço e colocando os sapatos só na entrada do colégio. Seu veemente desejo era ser padre, e disso, seus pais se ufanavam.
Ordenado sacerdote, após brilhante êxito nos estudos, José Sarto galgou, com gradativa ascensão, todas as funções pastorais culminando no pontificado.
Em 1903, falecia o grande Papa Leão XIII. No conclave para a eleição do novo papa, com surpresa geral, foi eleito o cardeal José Sarto, patriarca de Veneza. Era, de fato, o sinal do Espírito Santo guiando a Igreja! Ele aceitou a indicação entre lágrimas, visto que alguns cardeais amigos lhe fizeram notar que “resistir a uma expressa vontade divina seria um grave ônus de consciência!”
Tomando o nome de Pio X, José Sarto continuou no Vaticano sua vida de simplicidade, modéstia e pobreza, como quando simples vigário. No entanto, sua perspicácia pastoral revolucionou o mundo. Teve como lema: RESTAURAR TODAS AS COISAS EM CRISTO. Dois meses após sua eleição, publicou a primeira encíclica, com o programa do seu pontificado: voltado para a pastoral como incremento da vida eclesiástica, realizou profundas reformas litúrgicas, sem menosprezar os valores fundamentais da sagrada Liturgia. Na evolução da piedade cristã, São Pio X favoreceu a prática da comunhão diária, até então, praticado com restrições nos dias da semana, e da comunhão eucarística das crianças, com o discernimento sacramental. Quanto à ortodoxia da fé cristã, sua grande preocupação era a difusão do relativismo religioso, condenando-o sob o nome de MODERNISMO. Pessoalmente, o traço distintivo de sua personalidade era bondade tão pura, tão suave, tão irradiante, que se impunha pela sua presença. Certa ocasião, alguns diplomatas perguntaram ao cardeal Secretário de Estado, após uma audiência: ”Monsenhor, que tem este homem, o papa, que atrai tanto?”.
São Pio X foi um pastor dedicado, zeloso, vigilante e, sobretudo, um verdadeiro santo, extremamente devoto; mas simples e sem ostentação. Prevendo a iminência da Primeira Guerra Mundial, que procurou esconjugar de todos os meios, amargurado, veio a falecer no dia 20 de agosto de 1914 com 79 anos de idade. A lápide de seu sepulcro resume bem sua vida: ”Pio X, pobre e rico, suave e humilde, de coração forte, lutador em prol dos direitos da Igreja, esforçado na tarefa de restaurar em Cristo todas as coisas”. Seu corpo após alguns anos, na exumação estava incorrupto, flácido, como se estivesse morrido a poucos momentos. Um procedimento inconveniente e, talvez imprudente, trouxe ainda maior evidência ao fenômeno: com uma injeção no cadáver todo ele ficou enegrecido, comprovando células vivas no processo circulatório sanguíneo. Este episódio não foi o critério da justificação de sua santidade, mas apenas um sinal que nos pode falar do que foi em vida este grande Vigário de Jesus Cristo na terra.
O povo lhe conferiu logo o título de santo, tributando-lhe culto de veneração que a Igreja, oficialmente, reconheceu com a canonização, em 1954, precisamente, o ano em que ingressei no Seminário Maior de Viamão, participando da grande solenidade litúrgica, ali celebrada. A influência fervorosa de sua canonização levou nossa turma de estudos do primeiro ano de filosofia a escolher como patrono do curso São Pio X, mandando esculpir uma estátua dele com os nomes dos sessenta seminaristas, numa ampola de vidro colocada dentro da imagem, sob a cruz peitoral… Estudamos seus documentos pontifícios e, mais tarde, para nossa ordenação sacerdotal, a Direção do Seminário, por ordem do saudoso Cardeal Dom Vicente Scherer, exigiu dos futuros sacerdotes um juramento de fidelidade à Igreja e contra as doutrinas modernistas, que incluíam as heresias protestantes, o comunismo ateu e todas as instituições que maquinam contra Cristo Jesus e seu Evangelho, verdadeira doutrina, assegurada na única Igreja. Dou graças a Deus por manter meu juramento e, com a mesma atitude, espero chegar ao término de minha vida terrena, seguindo ao exemplo de São Pio X, intransigindo a tudo o que é incompatível com a Verdade.
Pe. Hermes da Silva Ignácio.

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