Consumo infantil

Muitas crianças cresceram lendo revistas em quadrinhos americanas onde o menino ou a menina para ganhar alguns trocados, vendia limonada ou ajudava o vizinho a limpar a neve na entrada da garagem. Também na vida real, vê-se crianças americanas prestando serviços na agricultura e nos eventos esportivos. Por outro lado, o emprego do trabalho infantil na fabricação, é um dos itens da propaganda mundial contra o consumo de produtos chineses.

Já o nosso país tenta estabelecer como norma, a não utilização do trabalho infantil. A pessoa às vezes tá ali dura com conceitos impostos e não percebe que o que deve ser combatido em todo o mundo é “a exploração” do trabalho infantil, e não o trabalho infantil em si mesmo, até como forma de preparação para o restante da vida. Que, mais tarde, vai ser difícil tirar o moço do sofá e colocá-lo direto num mercado de trabalho repleto de águias emplumadíssimas.

É correto que os menores seres da nossa espécie não sejam sobrecarregados de trabalho. Mesmo assim, as antigas crianças lembram como era gratificante prestar algum trabalho para seus pais – quando eles deixavam – uma vez que, mesmo sem legislação coercitiva, o trabalho pesado sempre foi uma alternativa do homem e da mulher adultos que eram rodeados por seus pequenos aprendizes ávidos por uma migalha da atividade produtiva.

O documentário “Criança, a Alma do Negócio” (que todos os educadores deveriam assistir) mostra que alguns pais terceirizaram para a TV o divertimento e o ensinamento de seus filhos – estando eles ali quietinhos, não incomodam e nem se arriscam em ruas cada vez mais perigosas. Que os pequenos já gostam mais da televisão do que brincar com amigos ou falar com seus pais; trocaram por esse ambiente luminoso e cheio de publicidade, as antigas brincadeiras socializantes. Aprenderam a consumir, e influem em 80% dos gastos da casa. O desejo de comprar se tornou mais importante do que o brinquedo em si mesmo e o bombardeio publicitário (que nos países ditos desenvolvidos é vedado ao público infantil) acaba semeando desejos aparentemente reais nas crianças brasileiras; que são as que mais assistem TV no mundo inteiro.

Brincar sempre será a coisa mais séria para uma criança. Brincar é o fundamento, a base, do ser humano e é também o sonho capaz de encher de alegria toda a trajetória da própria vida.

O consumismo exagerado polui e desagrega; sendo que alguns ecologistas já fazem campanha para um Natal sem presentes e, portanto, com muito mais possibilidades fraternais.

Conta-se que uma rica senhora resolveu doar para uma criança pobre da periferia diversos pares de sapatos de seus filhos. Ao recebê-los, imediatamente a criança chamou seus amiguinhos para distribuir parte deles, então a senhora surpresa com esse procedimento incomum advertiu – eu os dei para ti, pode ficar com todos eles – ao que a criança respondeu: Para que tantos sapatos se eu só tenho dois pés!

 

Vilnei Maria Ribeiro de Moraes - Engenheiro Civilvilneimaria@bol.com.br

 

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