Eleições

Já houve tempo em que eu via uma nova eleição se aproximar com o maior entusiasmo. E, querendo ou não,dava meus palpites a respeito de partidos e candidatos,porque sempre havia alguem ao lado abordando o tema,mesmo que fosse somente com a intenção de avacalhar gregos e troianos. Mas os tempos mudaram. Em Porto Alegre, onde moro,até agora somente há indicios de que vem aí uma nova eleição na Esquina Democrática,o coração da cidade. Ali,sim,vejo candidatos vendendo o seu peixe,com maior ou menor atenção dos passantes.Os candidatos mais conhecidos se apresentam com maior naturalidade. Os desconhecidos, filiados a partidos nanicos,se entregam a comovente esforço de convencimento quando raros transeuntes param para ouvir seus nomes e rápida exposição dos seus projetos.Vão gastar seu precioso tempo,comprometer parcos trocados e ver, ao final da eleição,os politicos de sempre subindo ao pódio da consagração popular.Talvez sejam ingênuos,mas merecem o meu respeito.Eles querem participar da vida politica brasileira, movidos por um idealismo sadio,cada vez mais raro. E muitos se frustram porque não podem fazer uma nova politica,rejeitada pelo eleitorado. De modo geral,o eleitor prefere as velhas raposas,que contam com fartos recursos e fazem o discurso chove-não molha,que não agrada nem desagrada a maioria.
Mas a minha grande preocupação nestes dias, faltando dois meses para nova eleição,é constatar a mais completa desinformação na maioria dos eleitores. Fiz rápida pesquisa e fiquei mais preocupado. Entrevistei ao acaso dez eleitores,perguntando se sabiam ao menos os nomes de tres candidatos á prefeito de Porto Alegre. Nenhum deles satisfez minha expectativa. Somente cinco dos escolhidos chegaram a dois nomes depois de um momento de reflexão. Há,portanto, candidatos à prefeito da capital cujos nomes serão mencionados apenas nos programas eleitorais obrigatórios. Depois da eleição voltarão ao anonimato,sem deixar o menor sinal de sua participação na campanha.Isso ocorre,em parte,porque nem todos os candidatos tem recursos para fazer campanhas mais dinâmicas,mas tambem porque quase todos os partidos estão misturados na geléia geral da politica brasileira.À exceção dos partidos radicais e inviáveis eleitoralmente, os outros tem propostas semelhantes,como se não estivessem separados por ideários politicos diferentes.É nesse momento que assoma na minha alma fronteiriça um lampejo da mais desconsolada nostalgia.Na minha época de adolescente,quem era do velho e bom PTB tinha incompatibilidade visceral com a UDN e só tolerava conviver ocasionalmente com o antigo PSD, o verdadeiro,com perdão do prefeito Gilberto Kassab . As águas não se misturavam.Não havia acertos de ocasião,somente com objetivos eleitoreiros.Mas como é impossível voltar ao passado,sigamos em frente,com a preocupação maior de votar somente em que realmente merece.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.