A todo volume não!
Som com o volume adequado. Esse é o fundamento da orientação que a lei estabelece para a campanha eleitoral 2012. Excessos serão coibidos. A mensagem foi bem audível, ecoando para os representantes partidários que compareceram, ontem pela manhã, no salão do Tribunal do Júri do Fórum de Livramento, para participar da reunião com a juíza eleitoral, Carmen Lúcia Santos da Fontoura; o promotor do MPE, José Eduardo Gonçalves, e a equipe formada pela Brigada Militar, Secretarias de Meio Ambiente, Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana.
Um termo de ajuste de condutas será assinado na próxima quarta-feira, em novo encontro, a fim de formalizar o que ficou definido na conversa de ontem, conforme informou a juíza. Em relação ao som, haverá fiscalização por parte da Brigada Militar e guarda municipal de trânsito, sendo necessária a licença ambiental para circular, dentro dos limites estabelecidos pela legislação eleitoral.
A juíza acentuou que, de modo informal, a conversa tinha a finalidade de evitar excessos, destacando que o foco é garantir uma campanha justa, equitativa. “Agradeço a postura que os senhores vêm tomando e parabenizo a todos, pois como muito bem já foi dito pelo promotor José Eduardo Gonçalves, em recente entrevista à RCC FM, o que vai resolver a eleição não é a Justiça Eleitoral, é a urna. Por ora, estamos agradecidos, pois os senhores tomaram a postura adequada e orientaram que assim ocorresse a seus pares partidários e militâncias. Notem que em Livramento não tivemos sequer uma impugnação de pedido de registro. Em Porto Alegre, que é a maior circunscrição eleitoral do Estado, ocorreram dois e, em Santa Maria, foram mais de 50” – explanou a magistrada.
De acordo com a juíza Carmen Lúcia Santos da Fontoura, a Justiça e Cartório Eleitoral estão de plantão nesse período para prover o atendimento necessário, informar e orientar e já ocorreram várias ligações com reclamações sobre sons muito altos. Em conjunto, será feito um acerto das condutas a serem adotadas. O representante do Ministério Público Eleitoral, promotor José Eduardo Gonçalves, enfatizou que o objetivo do encontro, nesta fase da campanha, era orientar e informar, a fim de evitar excessos e não prejudicar a população com o uso de equipamentos de áudio em volume além do permitido ou em horários e locais fora do previsto.
A juíza eleitoral confirmou que está contando com uma equipe técnica para promover a orientação, os encaminhamentos e a fiscalização, no que tange às condutas acordadas em torno de sonorização e circulação de pedestres e veículos de campanha eleitoral. A equipe é composta pela gestora ambiental Sandra Abreu e os fiscais ambientais Eliana Flores e Nilson Molina e o engenheiro eletricista Marcelo Bonfiglio, todos da Secretaria de Meio Ambiente de Livramento, o capitão André Chaves Moura, comandante do policiamento da Brigada Militar e o tenente Ademir Dagoberto Bandeira Loureiro, comandante do Pelotão Ambiental, além do secretário de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, Celeni Pedroso, e o diretor executivo da pasta, Adroaldo Barreto.
COMO FICA
O som na campanha eleitoral não deve passar de 65 decibéis. Isso vale para todo o equipamento de som empregado, seja em veículos que circulam com o serviço de sonorização, seja para os carros particulares em que são adaptadas caixas de áudio, alto-falantes ou outros instrumentos;
A Secretaria de Meio Ambiente vai fazer a medição com o decibelímetro e etiquetar os equipamentos de som dos veículos, mas não haverá lacre. Ainda assim, se o equipamento sair do veículo, a pasta deve ser comunicada – caso estrague o equipamento, o veículo registre dano mecânico. Cada equipamento, com todos seus dados, estará registrado em cadastro da secretaria, o qual indicará a placa de um veículo. Para substituir o som a pasta deve ser informada;
Carros particulares cujos donos quiserem usar equipamento (colocar caixas de som) precisam de duas licenças. A primeira é requerendo nova vistoria do Detran, onde deve constar a acoplação do equipamento, mesmo que temporariamente. A segunda é a licença da Secretaria de Meio Ambiente;
Para cada veículo, será aberto um processo administrativo na Secretaria. Quanto mais cedo os partidos requererem a autorização, mais rapidamente poderão circular fazendo campanha;
Ainda assim, caso o volume do som seja maior do que o permitido, o local ou o horário forem impróprios e fora do previsto pela legislação municipal, os veículos podem ser recolhidos;
A Brigada Militar tem decibelímetro para fiscalizar;
Por carro som deve ser entendido todo o veículo que estiver dotado de um sistema de áudio. Pode ser uma bicicleta, uma carroça, motocicleta, particular ou de prestador de serviço específico nesse segmento;
Até a próxima sexta será aceito pela fiscalização o pedido de protocolo emitido pela Prefeitura, via Secretaria do Meio Ambiente. Após, somente será aceita a licença emitida pelo órgão no que tange à questão ambiental. A fiscalização será rigorosa após os licenciamentos;
Até 8 veículos por dia terão o equipamento de som aferido e etiquetado, após o engenheiro eletricista da Prefeitura realizar o cadastro do equipamento e do veículo. Um não poderá ser dissociado do outro sem que exista prévia comunicação à Secretaria de Meio Ambiente, que dará baixa e fará novo processo.
Só pela calçada
Fatos pontuais, como foram muitos os levantados pelos participantes da reunião de ontem, deverão ser resolvidos caso a caso, quando necessário. Em relação às passeatas, a Justiça Eleitoral orienta que somente podem ser feitas nas calçadas, o mesmo ocorrendo com as caminhadas, especialmente durante os horários de maior concentração de fluxo de trânsito no centro da cidade.
Aos sábados, especialmente, é quando o maior número de pessoas a pé mescla-se ao trânsito no centro da cidade, e é justamente nesse sentido o regramento.
Outro ponto importante da reunião de ontem diz respeito à ideia de que as caminhadas, passeatas (bandeiraços) sejam realizados em horários diferentes por parte das agremiações políticas. O mesmo vale para as carreatas. A juíza Carmen Lúcia Santos da Fontoura pediu que as atividades do gênero sejam informadas previamente à Justiça eleitoral, com cinco dias de antecedência. “Se houver coincidência de horários, será feito um acordo ou um sorteio, a fim de que duas agremiações ou coligações adversárias não estejam juntas em um mesmo local e horário. Essa é uma medida preventiva, pois já existe referência de episódio anterior em que duas militâncias se encontraram em um bairro, pararam, e o resultado foi o indesejado: deu briga” – ponderou a magistrada. O promotor José Eduardo Gonçalves foi enfático ao mencionar que ninguém na Justiça Eleitoral quer aparecer, assim como não há desejo de que exista conflito de qualquer ordem, ressaltando o entendimento de que o pleito deve transcorrer de forma tranquila, como até agora vem sendo registrada esta primeira etapa da campanha. O representante do MPE também fez alusão à necessidade de que as pessoas não coloquem as suas vidas e as de seus semelhantes em risco durante nenhum dos eventos, especialmente as caminhadas.
ATENÇÃO
Carros de som e uso de alto-falantes ou amplificadores de som não podem circular ou ser usados em distância inferior a 200 metros de sedes de Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fórum e quartéis, hospitais e casas de saúde, escolas, bibliotecas públicas, igrejas, teatros (estes últimos quatro quando em funcionamento);
Caminhadas e passeatas devem ser feitas apenas pelas calçadas, respeitando a sinalização nos cruzamentos de vias;
Os locais dos chamados bandeiraços são: Parque Internacional – Largo Hugolino Andrade, parada de ônibus da Tamandaré com Rivadávia Corrêa, avenida João Goulart, praça Artigas, Bairro Industrial e rua dos Andradas;
A propaganda de rua deve ser retirada diariamente até às 22h;
Cavaletes e bonecos têm como locais de colocação canteiros centrais das avenidas e rótulas;
O tamanho dos bonecos, máximo permitido, é de 1, 5 metro de altura;
Os cavaletes devem ter, no máximo, 1 metro de altura por meio de largura, ou meio de altura por 1 metro de largura;
A propaganda deve obedecer a distância de uma por muro, uma por cada lado do muro.
As representações partidárias ouviram por mais de uma hora as explanações. Muitos realizaram reiterativos questionamentos em relação a pontos específicos, especialmente no que tange às condutas de utilização de áudio, as quais já geraram reclamações da forma como estão sendo desenvolvidas atualmente. Segundo o promotor, é importante que os presidentes de partidos e coordenadores de militantes orientem seus candidatos à vereança e especialmente seus militantes sobre esses pontos. Quanto aos comícios, ficou evidenciado que podem ser na praça Artigas, praça General Osório, praça José Bonifácio, defronte à entrada do Jockey Club, praça Getúlio Vargas, área verde da Vila Santa Rosa, Caixa d’Água do Wilson, defronte ao Clube Recreativo do Armour, trevo da Tabatinga e praça do Planalto.