O Nosso Pré Sal

Enquanto discutimos a participação do Estado na divisão de recursos oriundos da extração de petróleo, devemos, de forma muito especial, trabalhar para o aproveitamento de uma energia que temos aos nossos pés, a céu aberto e a um custo baixo, sem necessidade de transporte e que não depende de oscilações cambiais: o nosso carvão mineral brasileiro.

Criar formas de seu aproveitamento é possível, sendo a mais usual para a geração de energia elétrica através das térmicas.

A maior utilização do carvão mineral, para a geração de energia elétrica ou em outras aplicações, associa-se de forma imediata às preocupações com questões ambientais, em especial ao aumento da emissão de gases de efeito estufa. Logo uma política publica para melhor aproveitar o carvao mineral deve, necessariamente, estar alinhada com diretrizes adotadas mundialmente nas questões relacionadas ao meio ambiente.

Apesar de ser um dos 14 maiores produtores de carvão do mundo, o Brasil é somente o 26º em aproveitamento dessa riqueza. Na atual taxa de utilização, as nossas reservas são suficientes para prover carvão por mais 500 anos. Para acompanharmos o desenvolvimento do pais e termos energia firme, para crescer com justiça social e distribuição da riqueza, necessitamos de projetos que apontem para a rentabilidade, tecnologia promissora, meio ambiente, segurança energética e novas tecnologias.

O esforço em pesquisa e desenvolvimento indica que o mundo não descarta o uso do carvão como fonte de energia primária para a geração de energia elétrica. O nosso grande desafio é a sua utilização por meio de tecnologias limpas e o compromisso com a inovação aplicada à cadeia produtiva, em especial a geração térmica e o desenvolvimento de tecnologias para a recuperação de passivo ambiental.

Investir em tecnologias permite diversificar o uso do carvão e uma das formas é através da gaseificação – que pode ser uma maneira eficiente de transformar o mineral. Na queima direta a relação é de 1:3, ou seja, de cada um real temos como resultado três reais em energia vendida. Já na gaseificação poderemos ter uma proporção de 1:10, desta forma colocando valor agregado aos produtos obtidos por meio desse processo.

Neste momento o sul do pais necessita de gás para o seu desenvolvimento, mas não temos esse combustível à disposição. Isso demonstra, mais uma vez, que o carvao mineral pode ser uma solução, pois dele é possível ainda obter-se vários produtos como combustível liquido, metanol, hidrogênio e fertilizantes nitrogenados (uréia ).

Uma importante medida a curto prazo seria a estruturação das operações das térmicas a carvao em conjunto com plantas de energia renováveis, propiciando flexibilização para suportar a intermitência das fontes renováveis e otimização de sua operação. Nesse sentido deve ser considerada a proposta de desenvolver estudos para verificar a adequação deste conceito às plantas flexíveis para a operação no sistema hidro/eólico/térmico.

Acredito que uma boa medida neste momento aqui no Rio Grande seja a construção de pequenas térmicas a carvão, com queima em leito fluidizado, de pequena emissão, viabilizando a manutenção do processo de mineração, com geração de emprego e renda para as regiões onde estão localizadas as jazidas. 

Elifas Simas

Presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM)

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