Nossa Senhora do Carmo
Dentre aproximadamenteduas centenas de gloriosos títulos, Maria Santíssima, no século XIII, recebeu o de NOSSA SENHORA DO CARMO, devido à aparição no monte Carmelo a São Simão Stock e ao Papa João XXII, respectivamente, no dia 16 de julho de 1251, assinalando o dia dezesseis, também, significativo dia da morte de São Simão Stock, ocorrido a 16 de maio de 1256, glória da Ordem do Carmelo e da Igreja Católica da Inglaterra, sua pátria.
Dezesseis de julho é o dia da grande festa da Ordem dos Carmelitas e da numerosa família dos devotos de Nossa Senhora do Carmo. É interessante notar que recentemente, o Papa, no Indulto para o Brasil, facultou a desobriga da Comunhão pascal de 2 de fevereiro a 16 de julho.
O monte Carmelo era célebre no Antigo Testamento, principalmente, porque foi alvo de importantes acontecimentos ao tempo do profeta Elias Fugindo do ímpio rei Acab, Elias teve por esconderijo uma gruta do monte Carmelo e, de lá, viu uma nuvenzinha da qual devia chover abundantemente sobre a terra árida. Também, pela oração de Elias, no monte Carmelo, caiu fogo do céu sobre seu holocausto, como prova evidente que Deus estava com ele e não com os falsos profetas (1Rs 18, 1 – 40).
Segundo uma antiquíssima tradição, lá se formou um mosteiro de profetas à espera da vinda do Messias. Então, vivia no monte Carmelo uma comunidade de eremitas que, pelo cruzado calabrezBertolo, por volta do ano 1150, foi transformada em Ordem religiosa melhor adaptada aos costumes do Ocidente. Fugindo às perseguições dos sarracenos, os monges emigraram, em 1237, para a Inglaterra, onde a Ordem possuía já 40 conventos. Na noite de 15para 16 de julho de 1225, a Santíssima Virgem ordenou ao Papa Honório III que aprovasse sua Ordem. Porém, a regra da ordem teve aprovação do Papa Inocêncio IV, em 1245, quando Simão Stock foi eleito Superior Geral da Ordem. Como as perseguições continuassem contra esses religiosos, São Simão Stock, seu sexto Superior Geral, implorou da Santíssima Virgem um sinal de sua proteção. Em 16 de julho de 1251, a Virgem Maria lhe indicou o escapulário (veste que levavam sobre o hábito) como insígnia especial de seu amor maternal. Rodeada de espíritos celestes, Nossa Senhora veio trazer-lhe um escapulário, dizendo: “Meu dileto filho, eis o escapulário, que será o distintivo da minha Ordem. Aceita-o como penhor de privilégio, que alcancei para ti e para todos os membros da Ordem do Carmo. Aquele que morrer vestido deste escapulário estará livre do fogo do inferno”. Simão Stock tratou, então de divulgar a irmandade do Escapulário e convidar o mundo católico a participar dos grandes privilégios anexos. Entre os devotos do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, vêem-se Papas, Cardeais, Bispos, Sacerdotes; numerosos foram os príncipes que pediram ser inscritos na Irmandade, como Eduardo III da Inglaterra, os imperadores da Alemanha Fernando I e II e reis da Espanha, de Portugal e França, e ainda, muitas rainhas e princesas de nações.
Muitas congregações religiosas têm o escapulário como veste comum, mas, é particularmente distintiva da ordem dos Carmelitas. Impõe-se também aos fiéis leigos um escapulário de formato pequeno com duas peças de tecido marrom, ligadas por um cordãozinho, para ser colocado sobre o peito e sobre as costas, indicando o conjunto único da veste religiosa. Infelizmente, vê-se hojeescapulários que não merecem este nome; pois, confeccionadores, levados simplesmente por interesses comerciais, néscios do sentido verdadeiro do Escapulário, apresentam-no sob as mais variadas formas: de ouro, prata, acrílico, plástico, madeira com uma “fantasia” de pano marrom e de outras matérias. É imprescindível a correção e a advertência destes erros, para evitar que os fiéis sejam ludibriados ingenuamente, não tendo mais os direitos às promessas de Nossa Senhora, nem as vantagens do privilégio sabatino, exarado na bula papal chamada SABATINA do Papa João XXII, de 3 de março de 1322, que é a libertação das almas do purgatório ao sábado após à morte. As referidas promessas foram confirmadas pela Sagrada Congregação das Indulgências, em 14 de julho de 1908. Escapulário, portanto, é veste e, como tal, é um pano tecido;porquanto, ninguém se veste de ouro ou prata ou madeira, etc. Só existe uma veste de madeira, que é o nosso caixão mortuário, como dizia uma saudosa velhinha da Comunidade da capela da Santa Casa de Misericórdia: “Meu único sobretudo de madeira será aquele que abrigará meu corpo no túmulo”.
A devoção à Nossa Senhora do Carmo é das mais antigas e espalhadas pelo mundo, sobretudo, nos meios de origem espanhola. Aqui em Sant’Ana do Livramento, na vila Planalto, onde está a capela de Nossa Senhora de Carmo, atua a Confraria do mesmo nome, cujos membros, juntamente com a Comunidade eclesial, celebram com solenidade litúrgica e social a FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO, no dia 16 de julho. Procuremos, como filhos e filhas de Maria, celebrar condignamente e, assim, participar das grandes graças anexas ao santo ESCAPULÁRIO, o símbolo exterior da devoção mariana, e como foi denominado por um santo eminentementedevoto: “O SACRAMENTO DA VIRGEM”.
Pe. Hermes da Silva Ignácio.
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