Greve lado “B”. O outro lado da paralisação

Empresários contabilizam prejuízos após 45 dias sem aulas nas universidades federais em todo o País. Em Livramento, serviços como hospedagem e fotocópias sofreram redução de até 50% na sua demanda

Já são 45 dias de uma greve que ainda não tem os seus rumos definidos, mas que começa a gerar impactos que podem se tornar ainda mais profundos com o passar dos dias e atingir diversos segmentos diferentes daqueles ligados diretamente com a Universidade Federal do Pampa – Unipampa.

No entorno da universidade, uma gama de produtos e serviços começou a ser oferecida a alunos e professores que, no período de vigência da greve, começam a ser afetados, e cujos proprietários já sentem a queda no faturamento.

Pousada

Rafael Baglione lamenta a ausência dos hóspedes em razão do alongamento da greve

Com a anunciada, e confirmada, vinda de um grande número de estudantes de outras cidades do Estado, e de outros estados, para Sant’Ana do Livramento, uma das áreas que mais precisou de investimentos foi a da hospedagem. No entorno da universidade, surgiram pousadas que servem de abrigo aos moradores temporários e ainda oferecem serviços dando conforto máximo para os considerados estrangeiros. Sem a previsão do retorno às aulas, muitos estudantes optaram por voltar para suas cidades de origem e lá permanecerem esperando pelos acontecimentos futuros. Vagas que deixaram de ser preenchidas nas pousadas e prejuízos para os empresários, que começam a cortar despesas para não ter que fechar as portas. Para Rafael Baglione, 23 anos, proprietário de uma pousada que foi aberta há pouco menos de um ano e que está localizada a pouco mais de 200 metros do portão principal do campus da universidade em Livramento, o prejuízo já gira em torno de 60%. “Durante o período de aulas, desde que abrimos, sempre foi bom. Agora, com a greve, estamos apenas com os turistas. Dos cinco quartos que temos aqui na pousada, três estavam permanentemente ocupados por estudantes da Unipampa. Agora, eles foram embora”, lamenta Rafael, que diz que o faturamento está menor do que o previsto. Pelos corredores vazios, nem de longe as marcas de que no local residem estudantes. “Com as aulas funcionando, sempre tem alguém da Unipampa aqui, sejam professores, motoristas, alguém que vem palestrar. Agora, não temos esse público e estou torcendo para que a greve encerre logo”, afirmou.

Xerox

Rafael Baglione lamenta a ausência dos hóspedes em razão do alongamento da greve

Tirar cópias de textos, trechos de livros, livros inteiros, resenhas e outros documentos que são pedidos pelos professores da Universidade Federal do Pampa, é rotina conhecida dos acadêmicos dos cursos instalados na cidade. Assim, com o aumento do número de alunos, foi necessário ampliar a estrutura oferecida nesse tipo de serviço e que, com a greve, amarga perdas consideráveis e vê o esvaziamento. Um dos pontos mais tradicionais para que sejam feitas fotocópias pelos estudantes, principalmente da Unipampa, instalada na rua Rivadávia Corrêa, também já amarga prejuízos. No local, antes com demanda reprimida, agora sobram espaços nas prateleiras, porque já não existem alunos apressados precisando de cópias que foram encomendadas para complementar o estudo. “Abríamos às 6h da manhã e fechávamos as portas às 22h. Agora, estamos fechando às 18h, sem deixar trabalho para fazer no outro dia. Nesse período, investimos em uma máquina que custou R$ 12.000,00, apenas para atender à grande demanda que vem da Unipampa. Ela está agora parada, porque não há pedidos suficientes. Nosso movimento caiu cerca de 50% e, com isso, precisamos, inclusive, dispensar uma funcionária da empresa”, conta Elisângela Pereira, 32 anos, sócia-proprietária da empresa especializada em fotocópias.

 

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