Livramento, terra de mel com pureza, qualidade e para todos os gostos
Efeitos da estiagem fizeram a produção sofrer uma queda de até 50%. Ainda assim, o RS ainda é o estado que mais consome o alimento e boa parte deste é produzida na Fronteira
Mel, produto milenar presenteado ao homem por um ser tão pequenino, a abelha, muitas vezes imperceptível, não fosse pela força de seu ferrão, e que ainda está longe de atingir os níveis de consumo no Brasil, que já foram alcançados há muito tempo na Europa, por exemplo.O Rio Grande do Sul, estado que se destaca na produção do mel de abelha, consegue ser aquele onde seus habitantes consomem, em média, quatro vezes mais do que o restante dos brasileiros. Ainda assim, essa quantidade fica, em média, em torno de 60 gramas por ano, número considerado baixo perto da quantidade consumida pelos europeus, que alcança a marca de 1kg por ano. Sant’Ana do Livramento ocupa lugar de destaque, tanto no cenário regional, quanto nacional, pela qualidade, quantidade, e tradição do produto, que é largamente produzido e exportado para diversas partes do território. “Esse ainda é um bom negócio. Atualmente, são 15 pessoas que trabalham na empresa com o mel que posteriormente é distribuído para todo o Rio Grande do Sul, a capital do Estado e para São Paulo”, conta o empresário Pedro Ferronato, empreendedor que atua no ramo há cerca de 40 anos e que conhece boa parte dos segredos da produção do mel de alta qualidade.
Para muitos produtores de mel, segundo Pedro Ferronato, o momento pode ser considerado de queda na produção, em função dos efeitos da estiagem.
Os números revelam uma queda na produção que fica em torno de 40 a 50%, diz o empresário. “Foi um ano diferenciado em relação à produção. Os efeitos da seca atingiram também o nosso tipo de negócio e a queda é visível”, diz o empresário, que não perde o foco e conseguiu ampliar o seu horizonte produzindo mel em diversas cidades do Rio Grande do Sul.
No auge da produção, somente nas caixas que o empresário possui na cidade, é possível colher cerca de 50kg por colmeia, números que surpreendem mesmo em tempos de baixa produtividade, em razão dos efeitos do clima. “Começar um negócio, hoje, seria bastante complicado, porque o mercado está cada vez mais exigente. Estou no ramo há muitos anos e isso facilita um pouco as coisas, pois aprendemos a lidar, inclusive, com as crises”, revela.
Fábrica doce
Depois de completado o processo árduo reservado às abelhas, entra em cena um outro grupo de trabalhadores, não menos especializados, e que se encarregam de fazer com que o produto se torne comercial e chegue até as mesas dos consumidores. Para pelo menos duas dessas trabalhadoras, Heloísa Machado, que há treze anos trabalha com mel, e Terezinha Ramos, há dois atuando no setor, o ofício é desempenhado com carinho. “Ficamos muitos orgulhosas quando passamos em alguma loja e vemos ali o produto que nós preparamos, embalamos, colocamos o rótulo e tratamos com todo o cuidado. É bom ver o trabalho da gente pronto e sendo consumido pelas pessoas”, diz Terezinha. Heloísa, que apresentou à reportagem boa parte do complexo montado em Sant’Ana do Livramento, com profundo conhecimento de todos os passos necessários para colocar no mercado o mel de qualidade, a satisfação vem igualmente ao ver o produto nas prateleiras e ao ver os caminhões saírem carregados com largas quantidades de mel, que irão ganhar as mais diversas cidades do Estado e depois cruzar divisas, chegando até São Paulo. “Trabalhar com o mel é muito bom. A gente acostuma com as abelhas e essa é uma rotina prazerosa”, frisou.
Cleizer Maciel
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