Oficina marca Semana do Alimento Orgânico

Técnicos participando do evento, na capital de todos os gaúchos, durante as atividades desenvolvidas em função da Semana

Incentivar a inserção de produtos orgânicos na alimentação escolar com vistas à segurança alimentar e nutricional sustentável foi o objetivo da oficina Alimentos Orgânicos no PNAE, realizada na quarta, 28, na Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre. A atividade, que faz parte da X Semana do Alimento Orgânico/MAPA, contou com a presença de representantes das Coordenadorias Regionais da Educação – CREs, do Conselho Regional de Nutricionistas – CRN-2, do Cecane-Ufrgs, da Secretaria da Educação – SEDUC, de gestores da alimentação escolar, de produtores de alimentos orgânicos, da Emater/RS-Ascar, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo – SDR, além de cooperativas e/ou associações de alimentos orgânicos.

“O tema da Oficina articula três assuntos estratégicos que são alimentação saudável, a educação vinculada com as políticas públicas e a agricultura familiar que se complementam e contribuem para o avanço no setor”, comentou o diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus.

O dirigente também lembrou que este é o Ano Internacional da Agricultura Familiar e que a sociedade deve ser parceira na caminhada para uma produção saudável. “É preciso um esforço integrado para avançarmos de maneira transversal.”

Para falar sobre a Agricultura Familiar na Produção de Alimentos Saudáveis, a engenheira agrônoma da SDR, Agda Regina Yatsuda Ikuta, apresentou dados sobre o assunto em questão.

No Brasil, aproximadamente, 85% dos estabelecimentos rurais é formado por agricultores familiares. No RS esse número chega a 86% do total, que são responsáveis por 70% da produção de alimentos. Agda questionou a qualidade do produto que está sendo consumido hoje, principalmente na merenda escolar, como resultado de um sistema agroalimentar pautado no volume de produção e na concentração de mercado. “Quem vai pautar a mudança nesse sistema é a sociedade – consumidor e produtor. Há um conjunto de políticas públicas que apoiam a agricultura familiar na produção de alimentos orgânicos”, avaliou Agda.

Entre as políticas públicas está o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE – que estipula que a compra de no mínimo 30% da merenda escolar seja feita de agricultores familiares, incluindo a produção orgânica. “Oferecer alimentos orgânicos nas escolas proporciona a formação de hábito alimentar saudável.”

A importância do resgate da biodiversidade para uma alimentação saudável foi lembrada pela professora da faculdade de agronomia da UFRGS, Ingrid de Barros. No País existem mais de 50 mil espécies de vegetais nativos, mas, por exemplo, das 20 frutas mais consumidas, apenas três são nativas: abacaxi, goiaba e maracujá.

“Frutas e hortaliças nativas são estratégicas para a produção agroecológica”, disse Ingrid ao abordar conceitos agroecológicos e de agrobiodiversidade. Para a professora, o saber não é somente uma discussão acadêmica, mas que já começa na infância quando a criança vivencia o que os pais e os avôs fazem na agricultura. Segundo ela, entre os desafios para a produção orgânica na agricultura familiar está a sazonalidade, a quantidade, o desconhecimento das demandas e a oferta ignorada.

O panorama das compras de produtos orgânicos da agricultura familiar no PNAE foi abordado pela nutricionista da SEDUC, Fernanda Marques, que falou na legislação, nos principais eixos do Programa como a oferta de alimentos saudáveis e a inclusão da educação alimentar e nutricional.

“Os desafios do PNAE dizem respeito à certificação, à desmistificação com relação aos preços e a uma produção insuficiente”, afirmou Fernanda.

Na oficina também foram apresentadas algumas experiências com o Programa, como a do município de Sapiranga com a aquisição para a alimentação escolar de produtos orgânicos, a organização dos agricultores e os procedimentos para compras. Assim como a alternativa encontrada pela Coordenadoria Regional de Educação de Três Passos, que optou por centralizar as comprar por meio de chamadas públicas. “Dessa forma os produtores e as agroindústrias se preparam melhor quanto à produção e à distribuição e para as escolas foi reduzido o trabalho com as prestações de contas, que eram alguns dos gargalos do processo”, comentou o coordenador regional Artur Hugo Hepp. Em 2013 o FNDE repassou, para os municípios de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, 15 milhões de reais para a compra de merenda escolar.Destes, aproximadamente, 4 milhões (30%) foram destinados à agricultura familiar. Os dados foram apresentados pelo agrônomo da Emater/RS-Ascar Marcelo Cotrim quando abordou a comercialização de produtos orgânicos nas compras realizadas no PNAE na Região Metropolitana.

“Entre os principais produtos adquiridos estão o arroz, açaí jussara, inhame, rabanete, moranga, etc.”

O evento foi organizado pela Comissão de Produção Orgânica do RS – CPOrg-RS/MAPA, Secretarias de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo e da Educação, pela Emater/RS-Ascar, com colaboração do Instituto Riograndense do Arroz.

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