O sabor do tempo em um ícone

Processo de conferência do vinho engarrafado: coroação do trabalho para o Tannat Vinhas Velhas entrar no mercado

A Vinícola Almadén, que integra o Milolo Wine Group, está engarrafando seu primeiro vinho ícone, um Tannat proveniente das mais velhas vinhas da empresa, todas com mais de 30 anos.

São em torno de 2.500 a 3.000 garrafas, ou 500 caixas, de um Tannat Vinhas Velhas com o sabor do tempo, com uvas colhidas na estupenda safra de 2011 das vinhas plantadas em 1976.

Uma das mais importantes do segmento de vinhos no mercado nacional, a Almadén conta com a chancela do próprio Adriano Miolo para esse produto, com a marca da campanha riograndense.

“É um vinho que foge dos padrões e modelos, pois tudo é diferente, desde a colheita, que foi manual, até o processo de vinificação. É um achado” – atesta o enólogo português Miguel Ângelo Vicente D’ Almeida, que fez todo o acompanhamento da vinificação.

Dedicação de todos os colaboradores da indústria, passo a passo, garantem o sucesso do vinho ícone

Para que o leitor tenha uma ideia mais precisa, Almeida é natural de Dão, mas foi para o Douro – região lusitana famosa pela produção de vinhos a partir de vinhas velhas – com tenra idade. É ele o homem forte da Miolo, responsável pelo engarrafamento do Tannat Vinhas Velhas e por outros produtos, inclusive já premiados na Expovinis.

Vinho de guarda. Enólogo de sucesso. Marca de nível internacional. Uvas cuja sobriedade se traduz em requintes de sabor. Bioma Pampa.

Ou seja, estão presentes todos os elementos para mais um sucesso de referência do solo santanense no mundo do vinho, originário, diga-se de passagem, da vinífera mais antiga do Brasil.

O processo de elaboração do Vinhas Velhas é quase artesanal – para não dizer que realmente o seja. Tratos culturais cercados de cuidados redobrados, medições constantes das variáveis que proporcionam condições ideais para uma safra espetacular, acompanhamento permanente e engarrafamento com a precisão marcada pelo preciosismo positivo.

Um vinho de vinhas velhas é caracterizado, em primeiro lugar, pela baixa produção natural dessas plantas. Mais ou menos como se cada vinha produzisse exatamente uma garrafa de vinho, consideradas todas as condições ideais.

Mas, como tudo começa no solo, quanto mais velha, mais enraizada está a videira e mais chances de sugar nutrientes do solo ela possui. Assim, melhor será a qualidade da uva. A colheita precisa ser feita no tempo certo.

Miguel Almeida comenta que o Tannat Vinhas Velhas apresenta um potencial de guarda de 10 a 15 anos. Como é preciso entender que cada vinho é único, não há forma de comparação entre três dos lançamentos do Miolo Wine Group na Expovinis 2012, maior feira de vinhos da América Latina. São as três novidades da sua linha de vinhos top. O Tannat Vinhas Velhas (Vinícola Almadén), o Testardi Syrah (Vinícola Ouro Verde) e o Quinta do Seival Alvarinho (Seival Estate) foram os destaques da vinícola na feira, de 24 a 26 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo.

Em síntese, com o solo privilegiado do Bioma Pampa, associado ao clima de sazonalidade ideal e, utilizando videiras em espaldeira, conforme já especificado – as mais antigas do País, com, no mínimo, 36 anos, a Almadén consolida seu primeiro vinho ícone: o Tannat Vinhas Velhas. Fermentado integralmente em barricas de carvalho francês novas, o produto é a síntese do alto padrão de qualidade da vinificação das uvas de forma integral, tornando possível a extração das concentrações de açúcares e polifenóis da uva.

Ou seja, o máximo potencial das uvas Tannat estão harmonizadas em um vinho que induz ao clássico, associando potência e corpo, características dessas uvas.

O foco na vontade dos consumidores

Equipe do engarrafamento da Almadén: satisfação por um produto referência

Tannat Vinhas Velhas terá colocação no mercado de 500 caixas

O primeiro contato do luso Miguel Ângelo Vicente Almeida com o Brasil foi em 2004, em Bento Gonçalves. Na prática, ele está no País há pouco mais de um ano. Bento Gonçalves, Bagé e Livramento são seus paradouros. Quando veio ao País pela primeira vez, durante uma vindima no Vale dos Vinhedos, foi convidado por Adriano Miolo para atuar no grupo. Ainda estagiário, o jovem Miguel Ângelo Vicente Almeida, formado no instituto Superior de Agronomia em Lisboa, com licenciatura Agro-industrial em Enologia, andou pela Alemanha, onde fez trabalho remunerado em um laboratório durante seis meses e retornou ao Douro e Alentejo, antes de fixar-se no Brasil, tendo assumido o projeto da Fortaleza do Seival em 2008 e, mais recentemente, também da Almadén. Ele respondeu alguns questionamentos à reportagem.

A Plateia – Em síntese, como está sendo a experiência na Almadén?
Miguel Almeida - Muito importante. Vinho é uma grande paixão. É excelente participar de um trabalho que foge aos padrões e modelos, traduzindo todo o potencial da empresa, com as viníferas mais antigas do Brasil.

O enólogo português Miguel Ângelo Vicente de Almeida

A Plateia – Como avalia o trabalho implementado até agora pela Miolo?
Miguel Almeida - Veja, foi muita coragem essa inovação de pegar uma marca popular, como a Almadén, em uma população que culturalmente está habituada ao consumo de vinhos demi-sec e outros tradicionais, e injetar uma nova roupagem, preservando condições de mercado. E com investimento em tecnologia, sem descaracterização, mas produzindo vinhos secos e fomentando essa inovação como um novo hábito a ser adquirido. Mas, ao mesmo tempo, há demanda por vinhos mais suaves. Como uma produção não impede a outra, já estão em planejamento dois vinhos suaves, um Uniblanc e outro Cabernet, para breve, a fim de satisfazer essas demandas.

A Plateia – Em relação ao Vinhas Velhas, qual o segredo ou a diferença em relação ao processo normal?
Miguel Almeida – O primeiro ponto é jamais comprometer o que foi criado pelo campo e, depois, é cumprir os processos, combinando cada passo com todos os demais elementos que constituem a elaboração.

Tudo é diferente do caráter industrial que temos como normal. Desde a colheita, nas vinhas velhas, que é manual, o aguardo pelas condições de clima para cada etapa, passando pela fermentação, durante um ano na barrica de carvalho francês novo. A característica preponderante é para produzir um vinho fino de vinhas velhas, e é tudo diferente mesmo. Optamos por realizar todos os processos aqui e não no Seival.

O resultado é um vinho de guarda com potencial para 10, 15 anos, de altíssima qualidade, realmente um achado, traduzindo todo o potencial da Almadén.

 

Henrique Machado Bachio – Especial para A Plateia

 

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