Gaúchos são, em sua maioria, contra a extinção das sacolas plásticas

81,1% dos consumidores se posicionam contra a proibição do uso das sacolas plásticas atualmente

Consumidores santanenses são mais conscientes sobre a questão da utilização de sacolas plásticas

O futuro de um item presente diariamente na vida de grande parte da população gaúcha esteve em pauta ontem, em evento promovido pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), em Porto Alegre. O “II Fórum Agas das Sacolas Plásticas: Problema ou solução?” reuniu biólogos, engenheiros químicos, autoridades políticas, ambientalistas, especialistas em direito ambiental, varejistas de diversos setores, indústria e consumidores para discutir o uso e a distribuição das sacolinhas plásticas no comércio gaúcho. O debate sobre o tema ganhou força em todo o País a partir do dia 4 de abril, quando os supermercados de São Paulo encerraram a distribuição das sacolas plásticas tradicionais aos consumidores. Para o presidente da Agas, Antônio Cesar Longo, no entanto, a medida pode se revelar prematura, devido à falta de alternativas que sejam práticas, recicláveis, economicamente viáveis e menos prejudiciais ao meio ambiente do que os sacos plásticos tradicionais. A questão ambiental é muito mais abrangente do que a vilanização das sacolas plásticas. “Trata-se de um problema estrutural, já que, se bem utilizadas, as sacolas plásticas são recicláveis e têm o mesmo poder calorífico do diesel”, lembra o dirigente, que defende um trabalho a quatro mãos. “O varejo precisa qualificar empacotadores para reduzir desperdícios, a indústria apresentar alternativas, o consumidor utilizar e descartar o plástico de forma consciente e, o poder público ampliar a coleta seletiva do lixo, incentivar as cooperativas de catadores e criar pontos de destinação deste material”.

Gaúchos são contra a extinção

No começo do ano, o Movimento das Donas de Casa do RS procurou a Agas solicitando que os supermercados gaúchos não encerrem a distribuição gratuita de sacolas plásticas. No ano passado, o Instituto Segmento Pesquisas realizou levantamento junto à população gaúcha, e apurou que 81,1% dos consumidores se posicionam contra a proibição do uso das sacolas plásticas atualmente. “É cedo para decretarmos que o plástico tradicional é o maior vilão, já que aditivos de biodegradação criados no passado já se comprovaram ineficazes e até mais prejudiciais ao meio ambiente do que as sacolinhas comuns”, explica Longo.

Por que a Agas resiste ao fim das sacolas plásticas

- A ineficácia e as incertezas das outras alternativas e o monopólio da produção dos sacos chamados biodegradáveis;

- O consequente desemprego na indústria do plástico e os reflexos na economia;

- Estudos da Agas mostram que 65% das sacolas plásticas ainda saem dos caixas sem ter sua capacidade total utilizada, e que 13% dos gaúchos levam sacolas extras para outras utilizações em casa;

- Segundo os números da Segmento Pesquisas, 95%dos gaúchos usam sacolas plásticas para carregar suas compras. Entre os 5% que afirmaram não utilizar sacos plásticos, metade disse carregar as compras em sacolas retornáveis/de pano, 25% mandam entregar os produtos em casa, 15% utilizam caixas de papelão e10% colocam nos carrinhos de compras.

Santanenses são mais conscientes sobre o uso de sacolas retornáveis
Utilização de sacolas retornáveis vai substituindo gradativamente o uso de sacolas descartáveis

Agnalda Mendes utiliza sacolas plásticas junto à sacola retornável: adaptação acontece aos poucos aqui na cidade

Se no Estado a tendência é uma, aqui na cidade, o caminho trilhado, principalmente entre as donas de casa, que são as grandes responsáveis pelas compras de mercadorias em supermercados e no comércio em geral, é totalmente oposto à essa tendência que, de certa forma, pode ser considerada negativa.

Uma grande parcela dos consumidores santanenses opta pela utilização de sacolas retornáveis e também de carrinhos de compra, para carregar seus produtos.

A destino final das sacolas é sempre o mesmo, acondicionar o lixo residencial para posterior descarte.

Zulma Alonso

O que dizem as santanenses

A jovem Patricia Irigaray, 28 anos, destacou que utiliza a sacola retornável há mais de um ano porque a mesma é mais resistente do que as oferecidas nos supermercados da cidade. “Eu utilizo as sacolas retornáveis porque são mais resistentes, principalmente quando a gente tem que pegar ônibus ou andar de moto, e porque, na maioria das vezes, os produtos que compro são pesados e podem rebentar as sacolinhas, que são muito frágeis”, destaca. Sobre o destino das sacolas plásticas, ela falou que geralmente as utiliza para colocar lixo. Sobre a separação do mesmo, ela destacou que não tem o hábito, até porque não há uma coleta seletiva na cidade. “Recomendo a todas as pessoas que utilizem a sacola retornável, pois cansei de estar no ônibus, a sacola plástica rebentar e minhas compras rolarem pelo chão. Hoje não tenho mais esse problema”, complementa.

Patricia Irigaray

A dona de casa Zulma Alonso destacou que prefere utilizar o carrinho em suas compras, e quando pode, traz junto a sacola retornável, para que suas compras sejam embaladas. “As sacolas plásticas me forçavam muito a coluna, devido ao peso dos produtos que comprava. Agora, trago o carrinho comigo e, quando lembro, a sacola retornável. Mas, às vezes, como hoje, esqueço… (risos). Mas, de toda maneira, utilizo as sacolas de supermercado para colocar lixo quando chego em casa. E sempre cuido para que o caminhão o recolha. Depois, sim, fico descansada”, completa.

Já Agnalda Mendes utiliza a sacola retornável no dia a dia para compras e até mesmo para carregar seus pertences. Sobre as sacolas plásticas que carregava, ela afirma que servem somente para colocar lixo, que é a destinação de quase 100% deste material. “A sacola retornável faz parte do meu cotidiano, uso para carregar minhas roupas, livros, produtos e minhas compras, pois ela é bem resistente”, finaliza Agnalda Mendes.


 

LEONARDO SILVEIRA
leo.aplateia@hotmail.com

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