Flores da Cunha

Muito já se escreveu sobre a vida de José Antonio Flores da Cunha,com passagem marcante na politica riograndense e brasileira. Duas biografias,ainda encontráveis nas livrarias, de autoria do santanense Ivo Caggiani e do cachoeirense Lauro Schirmer, já falecidos, são fontes de consulta obrigatória para se conhecer a ação civica do grande politico que,em momentos diferentes da sua vida, foi aliado e adversário de Getulio Vargas. Mas sempre há muito para se escrever sobre Flores da Cunha,até porque sua trajetória politico-partidária abrange boa parte do século XX, desde que foi escolhido por Borges, o manda-chuva do Rio Grande, para ser interventor na Intendencia de Uruguaiana. Desta passagem pela administração da Intendencia, que mais tarde ocupou após eleições livres,ficou o testemunho de um grande jornalista gaucho, já falecido, Rivadávia de Souza,que escrevbeu um livro de memórias intitulado “Astronauta de Pandorga”,lançado em 1996,pela Sulina.Ainda rapaz e morando em Uruguaiana,o jornalista acompanhou a ação de Flores para retirar a prefeitura da situação caótica em que se encontrava. Borges de Medeiros, presidente do Estado e chefe unipessoal do Partido Republicano Riograndense, não errou na escolha,segundo testemunho de Rivadávia de Souza:”Fogoso, árdego, altaneiro, impetuoso, dotado de inquebrantável energia,começou a colocar ordem na casa com implacável mão de ferro.Perseguiu sonegadores de impostos com obstinação de antigo delegado de polícia:ricos e poderosos,correligionários ou não,todos tinham que contribuir para o erário da comuna,sem contemplação nem perdão.Deu-se ao trabalho de montar a cavalo e contar as cabeças de gado que saiam para os frigoríficos,a fim de cobrar o imposto de importação.” O guerreiro de 1923 era tambem um homem culto e grande administrador. Todos os prefeitos de hoje deveriam ler a sua biografia.

Carlos Reverbel

Mas,a proposito de memórias dos nossos grandes jornalistas e escritores,considero-as fundamentais como fontes complementares para o conhecimento da história do nosso Rio Grande. Gostaria de ter todos os livros de memórias publicados por editoras gauchas.Mas estou feliz com os que tenho, à disposição para o esclarecimento de muitos aspectos nebulosos da história riograndense. Um desses livros,que ponho sempre ao lado das memórias do Rivadávia de Souza,é “Arca de Blau”,de Carlos Reverbel, escrito com a assessoria qualificada da jornalista Claudia Laitano e publicado em 1993.Reverbel começou sua trajetória profissional no Correio do Povo e,mais tarde, foi um dos fundadores da Folha da Tarde,junto com Rivadávia de Souza, fisgado no jornalismo de Uruguaiana. Não considero completa,ou próximo disso,uma biblioteca particular que não tenha esse livro de memórias do Carlos Reverbel, juntos com outros de sua lavra,principalmente “Um Capitão da Guarda Nacional”, o melhor que se escreveu sobre o trabalho e a vida do escritor Simões Lopes Neto.Ao escrever estas linhas, sinto a emoção de quem foi amigo do Reverbel e do Rivadávia,que eram poços de sabedoria,sempre dispostos a uma boa prosa,sem estrelismo ou empáfia, como sabem ser os escritores verdadeiramente grandes.

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