A Felicidade mora aqui

santanense de 106 anos, e que nasceu nos Cerros Verdes, diz que a receita para viver muito é trabalhar

Há quem diga que a felicidade não exista, e o que pode ser observado e servir como parâmetro, são estados felizes, momentos, ocasiões, decisões. Sobre sua identidade, há quem afirme, inclusive jure já ter visto, a felicidade em uma das pontas do arco-íris. Quem quer encurtar a distância, pode encontrá-la no dicionário, cujo significado é: “Qualidade ou estado de feliz. Bom êxito; sucesso”.

Feliz, ainda segundo o mesmo dicionário, é aquele, ou aquela, que goza de satisfação, sorte, ventura; afortunado. Intimamente contente, alegre. Que teve ou tem bom resultado; bem-sucedido. Favorecido pela sorte; afortunado. Que proporciona, traz ou transmite felicidade. Feliz é Sant’Ana do Livramento, que viu nascer aqui, no início do século XX, a sua felicidade. O mês era novembro e o dia 23 do ano de 1905.

Naquele dia, a felicidade, Felicidade Camargo Machado, nascia na localidade conhecida como Cerros Verdes. Se ainda há dúvida sobre o local de nascimento da Felicidade, esta está dirimida e comprovada através de documentos. Sim, a Felicidade é santanense, reside no centro da cidade e hoje tem 106 anos de uma vida, segundo ela, nem tão feliz e considerada árdua.

“Passei 50 anos da minha vida lavando roupa para fora. Não posso dizer que tive uma vida de muita felicidade. Passei muito trabalho, mas estou bem comigo mesma. Ao meu modo, sou feliz”, revelou a senhora de olhar sereno, quase frágil, cristalizado e que em não raros momentos faz uma longa viagem no tempo tentando buscar na memória, já fraca, alguma lembrança de uma época de maior vigor físico. A ilustre santanense, recebeu a reportagem de A Plateia em sua residência no centro da cidade. O olhar desconfiado no portão da casa, logo cedeu espaço a um sorriso meigo e convidativo. Ao tentar explicar a origem do nome, a dona Felicidade respondeu de forma rápida e sutil. “Meus pais deveriam estar muito felizes para me colocar esse nome, né ?”, e sorriu. Mãe de cinco filhos, dois já falecidos, Felicidade diz que passa os dias cuidando da casa, recebendo muitos amigos e dedicando muitas horas ao trato com seu jardim. “Assim eu vivo. Cuido das minhas coisinhas, converso com as pessoas, mas já não posso mais sair sozinha. Sabe como é, né? As pernas já não aguentam (sorrisos)”, disse ela, com ar de quem já viveu e viu aquilo que poucos tiveram e terão a oportunidade de ver e viver.

A santanense Felicidade Machado, 106 anos de vida, sabedoria e ensinamentos

O que pensa a Felicidade ?

 

A Plateia: A senhora viu essa cidade mudar muito. Do que sente mais saudade ?
Felicidade: As pessoas mudaram, as coisas mudaram, está tudo diferente. Antigamente, os lugares pareciam mais distantes. Agora está tudo povoado, tudo está mais perto.

A Plateia: A senhora se sente bem morando sozinha a essa altura da vida ?
Felicidade: Prefiro assim. Faço as minhas coisas e ninguém me incomoda

A Plateia: Com esse nome, a senhora pode considerar que teve uma vida feliz ?
Felicidade: Não. Eu passei a vida trabalhando duro. Sofri um bocado. Agora me sinto bem. O médico diz, inclusive, que não preciso nem tomar remédios. Agora estou tranquila, mas nem sempre foi assim.

Por Por Cleizer Maciel
cleizer.geral@aplateia.com.br

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.


1 Comentário

  1. morales

    quem teve o privilegio de conhecer a Dona Felícia, sabe do grande coração que tem e a doçura com que trata as pessoas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.