Um homem e sua rádio ambulante

Apesar do bom humor, para Victor Alex Brochi, anúncio é coisa séria e inovar é necessário
“…Trabalhador… Trabalhador brasileiro… Dentista, frentista, polícia, bombeiro… Trabalhador brasileiro…”.

O trecho da letra, extraído de uma das canções mais famosas do cantor Seu Jorge, é um retrato fiel da realidade enfrentada diariamente por um verdadeiro batalhão de homens e mulheres que acordam cedo todos os dias nos quatro cantos do País.

Nesse universo de características e competências diferentes, e que possui a capacidade de acomodar profissionais de diversas áreas em posições para as quais nem buscaram preparação nos bancos escolares e nas fileiras da universidades, a criatividade precisa entrar em cena para ser vista a diferença entre os iguais. Ser diferente e fazer a diferença. Essa é a frase repetida todas as manhãs pelo jovem que consegue chamar a atenção nas ruas centrais de Sant’Ana do Livramento, ao anunciar, com frases de efeito, criatividade e bom humor, os produtos que estão esperando pelos clientes nas prateleiras dos empresários que apostaram na sua forma inédita de divulgar marcas, preços e promoções.

Um homem e sua rádio ambulante

Victor Alex da Costa Brochi, 33 anos, radialista formado em 2008 pela escola Senac, há cerca de 6 anos descobriu um nicho de mercado muito comum no centro do País, mas pouco utilizado no interior: a rádio vitrine. “Existem pessoas que acham bacana, mas também há aquelas que criticam. O que sei é que estou fazendo o meu trabalho com carinho, respeito e buscando oferecer alegria para as pessoas. Gosto de passar para as pessoas que comprar no nosso comércio é bom. Os turistas precisam sair daqui com a melhor impressão possível”, afirmou ele.

Ao comentar a criação dos personagens, Victor Alex diz que procura pesquisar antes de colocar em prática cada um dos seus novos tipos. “As pessoas têm a mania de dizer que em Livramento nada se cria, tudo se copia. Eu resolvi inovar e criar uma maneira própria de anunciar os produtos dos meus clientes”, destaca.

A origem

A epidemia de Gripe A que tomou conta do RS há alguns anos foi a mola propulsora para a criação dos personagens, que pela primeira vez começaram a circular pelas ruas centrais da cidade. “Naquela época, tive a ideia de criar o Dr. Maluco para dizer que as lojas também estavam com suas epidemias, mas de ofertas”, contou ele.

“Hoje, se vou fazer a minha rádio vitrine em um lugar sem a peruca, me sinto desconfortável. Esses tipos já fazem parte do meu cotidiano e assim me sinto bem”, conta ele, ao dizer que seu sonho, desde a infância, era trabalhar em rádio. Atualmente, além das cinco horas diárias com sua caixa de som e microfone acoplado pelas ruas centrais da cidade, Victor Alex também mantém um programa diário na rádio Nova Aurora.

Ao ser questionado sobre se sentir uma verdadeira rádio ambulante, ele diz sentir-se feliz com o tratamento que vem recebendo da comunidade. “As pessoas passam, as crianças abanam, sorriem, os motoristas buzinam mas, principalmente, o resultado para os clientes tem sido bacana”, revela o jovem simples, de astral elevado e que não se incomoda com a quantidade de olhares curiosos que atrai em razão do seu trabalho.

 

Por Cleizer Maciel
cleizermaciel@jornalaplateia.com

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