Futuro Sem Nome

Esta semana, um amigo de muitos anos,jornalista Elmar Bones, a lucidez em pessoa,me disse algo que merece ensaio, de preferenciaa escrito por pessoa muito inteligente e com dons premonitórios. “Nunca imaginei-afirmou ele-que viveria tempo suficiente para ver centenas de pessoas,em plena Wall Street, gritando contra o capitalismo selvagem.” Realmente, a ocupação temporária de espaços centrais de Nova Iorque por pessoas de várias nacionalidades e com roupas diferentes, convocadas através de redes sociais,é um fato de difícil explicação.No fundo, são pessoas angustiadas com o desemprego,a ganancia das corporações,a erosão do poder de compra dos salários e,sobretudo,a crescente desilusão na perspectiva do futuro.

Mas será que existe,de parte de quem grita contra o capitalismo,algum tipo de influencia partidária ou ideológica? Quanto aos partidos tradicionais dos Estados Unidos, onde se agrupam democratas e republicanos,sua influência é zero na eclosão da marcha dos insatisfeitos.E tambem duvido que um ou outro cidadão norte-americano esteja sob a influencia do socialismo assimilado com a leitura de livros clássicos do gênero. Minha impressão é de que os manifestantes,reunidos em parques, com suas barracas e colchões,rejeitam o mundo atual,injusto e desigual,mas ainda não sabem como substitui-lo por outro mais generoso e solidário.E muito menos sabem o caminho que vão seguir para alcançar seus objetivos.Não querem ficar onde estão.Mas qual é mesmo o caminho para seguir?

Salada Ideológica

Hà 50 anos,quando viviamos a tensão do confronto do mundo socialista com o capitalismo ocidental,a escolha era óbvia. A rejeiçao do modo de vida norte-americano significava aceitação automatica do figurino soviético,que mais tarde ruiu no rastro de denuncias contra o stalinismo. Mas o que vemos hoje,no Brasil? Uma farta salada ideológica,que vai do PC do B do ministro Orlando Silva ao recem criado PSD,sem uma clara definiçaõ de programas e propostas. Uma salada na qual o que menos importa é o tempero do idealismo visando a transformação da sociedade. Ai estão muitos sindicalistas de ontem ,movidos pela intransigencia,defendendo o governo,sem qualquer preocupação com seus ex-colegas de trabalho.Ou,então,aprendizes da politica agrupados em siglas de aluguel, que só existem adubadas pelo dinheiro do fundo partidário. Nesse quadro de indefinições, de capitulações,tambem não sabemos o que queremos nem para onde vamos.Mas a exemplo do que ocorre em Nova Iorque vai aumentando a onda dos insatisfeitos com a nossa forma tradicional de fazer politica.As ruas começam a falar, sem necessidade de convocações pagas na mídia.E aí enfrentamos a mesma pergunta:o que virá depois? Ninguem sabe responder com exatidão.Mas eu sonho com o dia em que a voz dos cidadãos seja realmente ouvida pelos governantes no mundo inteiro.E que os ladrões, os corruptos,os farsantes que se dizem politicos,cuidando apenas dos seus interesses pessoais,sejam afastados para sempre do nosso convivio.

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