Crescimento e qualidade: conceitos indissociáveis

A lei da oferta e da procura é uma das bases sobre as quais se movimenta o livre mercado. Entretanto, a qualidade dos produtos e serviços é um patamar que precisa ser mantido sempre, independentemente da variação dessa equação. Seja com mais ou menos oferta, com mais ou menos procura, a contraprestação do fornecedor precisa respeitar parâmetros de segurança e o direito à informação adequada. Porém, no desespero da concorrência e no afã de vencer metas – por vezes insustentáveis –, muitas montadoras de automóveis têm se revelado um péssimo exemplo de como lidar com o reaquecimento do mercado.

Atualmente, a indústria automobilística segue a mesma recuperação do mundo pós-crise: a demanda voltou a crescer. No Brasil, aliás, mesmo durante as turbulências financeiras, o país foi um dos portos seguros da área. Prova disso é que o setor atingiu o extraordinário crescimento de 11% no ano passado – na exata contramão das nações desenvolvidas.

Tal explosão do consumo, contudo, muitas vezes tem escapado do controle de qualidade das empresas. E aí reside o problema. Para comprovar isso, basta se afixar em duas ocorrências recentes, dentre tantas desde o final do ano passado. A companhia japonesa Toyota realizou um recall envolvendo mais de 8,5 milhões de carros em todo o mundo, após descobrir falhas no pedal do acelerador e no sistema de freio de vários modelos.

A americana General Motors, por sua vez, acaba de anunciar a convocação de mais de 1,3 milhão de automóveis, em razão de defeitos na direção hidráulica. Veja-se que não estamos falando de meros detalhes estéticos, senão que de componentes absolutamente decisivos na segurança de um veículo. Fábricas como a Nissan, Honda, Volkswagen, Fiat, Suzuki, Daihatsu, Volvo, Citröen e Peugeot tiveram problemas semelhantes nos últimos meses.

A falta de cuidado no processo de fabricação está gerando resultados nefastos. Nesse flagrante descontrole, ninguém sai ganhando. O usuário, elo mais fraco da relação, amarga uma série de prejuízos e riscos – algo inaceitável. E as montadoras, por sua vez, perdem aquilo que é mais valioso para qualquer corporação: a credibilidade e a confiança da sociedade – conceitos que demoram decênios para ser construídos. Portanto, avançar na quantidade e retroceder na qualidade é uma prática que precisa ser definitivamente banida do nosso cotidiano. Em respeito às leis de mercado e, sobretudo, à própria dignidade dos consumidores.

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