Brasil sem medo

A política é a arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que lhes diz respeito. Com uma luta econômica nunca obtereis uma melhoria séria da vossa situação. O essencial é a luta política (Vladimir Ilitch Ulianov).

O que Vladimir (Lênin) denuncia com superior ironia é a artificiosa atuação dos políticos que não entendem a luta política como um necessário instrumento a favor da melhoria das condições sociais e econômicas das populações; dos que dela fazem um labirinto de interesses que desmobiliza o indivíduo de ser cidadão e o cidadão de ser interveniente. O que ele afirma é o caráter vital da conscientização através da luta política, para vencer os menores ou maiores sobressaltos de meras reivindicações materiais.

Palavras antigas que elucidam hoje um clima de insegurança mundial que preocupa e nos afeta sobremaneira pela voragem vertiginosa das medidas de austeridade dos europeus. No Brasil elas entram-nos pela casa adentro através do aumento invisível dos preços dos bens essenciais – alimentos, transportes, energia, saúde e da diminuição do nosso rendimento disponível. Nos Europeus causam uma angústia que nenhuma reza pode aquietar, por muito que foque casos de sucesso e acredite que um dia esses países europeus vão voltar normalmente aos mercados. Em contraste com um Brasil que esbanja recursos com a Copa do Mundo, a criação de mais cadeiras legislativas e belos salários aos políticos, lá na Europa os efeitos das medidas de austeridade estão bem identificados como: desemprego galopante, compressão salarial, erosão de direitos laborais e sociais, privatizações ao desbarato, perda de instrumentos públicos de política fiscal e industrial, recessão econômica, derrapagens nos déficit orçamentais, dívidas públicas que se tornam impagáveis, destruição do Estado social, desigualdades socioeconômicas crescentes, fortalecimento dos mercados financeiros e fragilização generalizada das democracias. Em consequência, os contratos sociais que as democracias assentam tende a ser cada vez mais imposto, em vez de ser aceito com uma ética partilhada.

A Europa da austeridade e os seus defensores puseram em marcha em projeto de demolição social e institucional muito visível, que os povos estão nas ruas para contestar. Vai ser preciso, na rua e não só, muito empenho dos cidadãos para forçar alternativas. Inverter este rumo para o abismo implica fechar a janela de oportunidade que a austeridade abriu para que o governo dos bancos substitua a democracia. Mas que enrascada, hei?

Enquanto isso, nós por aqui, segundo a Dilminha e seu principal ministro Guido Mantega, continuaremos inatingíveis. Será pela copa de 2014? Ou será que já somos a maior potência onipotente do mundo e não sabemos?…

Carlos Alberto Potoko
www.fronteiradapaz.com/carlospotoko

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